Total de visualizações de página

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

28...

28...
Medos que surgem, interesses que mudam, urgências constantes. Sempre que chegava essa época, eu me enchia de uma felicidade tão grande que contava os dias para comemorar. Mas de uns anos pra cá, a coisa mudou. Geralmente gosto de fazer um balanço geral do ano e ver o que foi bom e o que tenho que melhorar. Mas ultimamente só me deparo com erros irreversíveis, equívocos e mentiras, saudades e lágrimas. Talvez eu devesse passar por isso, quem sabe eu só estivesse colhendo aquilo que plantei... Não quero pensar nisso. Esse ano tinha tudo para ser igual, mas tem algo diferente. A cigana me disse que estou em uma nova fase e que isso para mim era muito bom. Realmente me sinto assim. Tenho me renovado a cada dia, evoluindo e buscando ser o melhor de mim.
28...
Talvez seja por isso que estou recluso. Talvez por isso eu esteja preferindo o silêncio ao estardalhaço. Não deixei de gostar de festas, mas quero que só quem realmente se importar comigo lembre desse dia. Tenho a certeza de Mamãe, Vovó e minha Irmã e isso me basta. Não desprezo os outros, pelo contrário, só não quero que eles se obriguem a fazer alguma coisa... Se for, que seja de verdade.
28...
Queria voltar no tempo...
28...
Falar do meu amor, daquela chuva forte, dos sonhos perdidos no tempo, das verdades encalacradas em mim... Voltar no tempo, a tempo de não errar e libertar...
28...
Me sinto mais maduro... Cresci muito nesse ano que passou e me sinto feliz por isso. E a maior descoberta que fiz foi entender que trazemos em nós a vitória do espírito santo e somos capaz de mudar os rumos da nossa história.
28...
Que seja leve, que seja cheio de muito trabalho e realizações positivas, que seja amarelo e com margaridas, que aquilo que estou plantando cresça de de belos e bons frutos. Não vou ficar de luto pelo que morreu, vou sim comemorar o nascimento desse novo eu.

"Pai - Qual é a sua força interior?
Eu - Minha família, minha arte, o amor que eu sinto...
Pai - Que bom... Nunca se esqueça disso!"

E eu não vou esquecer!

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Lispector...

Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz.
Eu nunca fui livre na minha vida inteira. E acho que meu maior algoz sempre fui eu mesmo...
Por dentro eu sempre me persegui.
Eu me tornei intolerável para mim mesmo. Vivo numa dualidade dilacerante.
Eu tenho uma aparente liberdade, mas estou preso dentro de mim. Sou como você me vê, posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando, e como você me vê passar.
Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesmo não posso. Pareço estranho ou louco?  Não sou, só que sinto a necessidade de falar certas coisas, outras eu calo por temer. E se por te falar eu te assustarei e te perderei? Mas se eu não falar, eu me perderei, e por me perder eu te perderia. E a complexidade se faz presente. Mas se eu sou, perderia você? Então que eu perca, porque não serei mais aquilo que os outros, ou que você quer de mim, preciso acreditar em mim, preciso me querer mais. Se eu tiver que perder, que seja você, não eu. E no final do jogo quem perde mais é você que não se tem e não me tem.
Por enquanto estou inventando a tua presença... Porque a dependência ainda é forte, mas vai passar. O que me atormenta é que tudo é 'por enquanto', nada é ' sempre'.
Ando de um lado para outro, dentro de mim. Estou bastante acostumado a estar só, mesmo junto dos outros. Sou composto por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Livrei-me de você. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos. Mas encontro meu eixo, meu equilíbrio dentro disso.
Não é que vivo em eterna mutação?  Com novas adaptações, o meu renovado viver dança, canta e vibra com a nova energia do ser, e assim, aparentemente me sinto mais seguro, mais forte. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus.
Mas, tantos defeitos tenho. Sou inquieto, ciumento, áspero, desesperançoso...  Embora amor dentro de mim eu tenha... Só que ainda não sei usar esse amor e às vezes ele parece farpas... E o amor, em vez de dar, exige. Será que estou exigindo? De mim? E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa que eles precisam. Então pretendo ser o melhor de mim, por mim mesmo e só.
Já que sou, o jeito é ser. Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, mas vai durar para cada um. Por enquanto tu olhas para mim e me amas. Não, não, tu olhas para ti e te amas. É o que está certo. Temos que nos amar para poder dar amor.
Me perco novamente nisso tudo, me procuro incansavelmente e me acho encolhido em algum lugar dentro de mim. Preciso de um tempo para mim às vezes pois viver exige muito. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar para liberar o que não é tão bom e deixar entrar somente o que eu preciso o que é bom.
Sabe o que eu quero de verdade?! Jamais perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma. Porque sem ela não poderia sentir a mim mesmo... Tenho a sensibilidade aflorada e isso que me faz ser o que eu sou. Aprendendo a dosar isso tudo para que não seja nocivo a ninguém, principalmente a mim mesmo. Sou tão misterioso que não me entendo! Mentira, eu me entendo mas gosto do sabor do mistério. E se hoje você me vê assim, pode ser que amanhã eu esteja outro. Se você me vê, veja-me de verdade. E não se preocupe com nada mais pois ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas. E assim como a primavera, eu me deixei cortar para vir mais forte...

Começo a florescer.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Entrelaços...

Qual é seu nome? Que mês é este? Frio que rasga meus lábios, o calor que entorpece. Tenho sentido tudo isso? Ou, sou somente mais uma engrenagem da máquina mundo? Qual nome hei de ter dentro disso tudo? Números? Sentimentos calados... Sinceramente tenho me sentido mais cansado por esses dias. Tenho observado mais ao meu redor e entendi que os artifícios e vícios, deixam de ser os velhos hábitos ou compromissos das pessoas que descobrem-se. Consigo me perceber automático e me desenlaço, me esqueço disso tudo pra buscar novas conquistas, pondo o pé na estrada dentro de mim para encontrar... Sonhos, aventuras, promessas, encontros! Quero poder lhe estender a mão, quero ver o mundo nas cores da bola de sabão, voar para perto e longe desse meu novo universo onde danço a canção que meu coração canta... Você me daria a mão?
Antes eu não consegui enxergar isso tudo em mim porque estava ocupado demais sendo mais uma engrenagem, sólida e fria,  só querendo do outro aquilo que eu ainda não tinha encontrado em mim. Quantas coisas podemos descobrir quando nos calamos um pouco, não é? Como o silêncio pode ficar tão ruidoso quando abrimos os ouvidos para dentro de nós. Descobertas.
E porque você ainda tá aí parado? Vem que ainda há tempo de se descobrir para poder tocar com o olhar e com sua própria mão aquilo que tanto canta seu coração.
Eu me descubro, crio laços com aquilo que sou, me entendendo e permitindo soltar a minha própria emoção e sensação, e como ator eu represento a vida, a minha vida de verdade que explode em cores e aromas. Vida que você também não deveria mais conter. 
E eu me enfeito com laços de fita ou mesmo de papel crepom, para comemorar meu primeiro amor, sim, pode ser piegas, mas eu me amo tanto e tenho me amado mais a cada segundo enquanto bailo pela vida, que agora me sinto muito mais capaz de dar esse amor a você e a todos aqueles que estiverem dispostos a recebê-lo. Me deixa entrelaçar você?


sábado, 27 de setembro de 2014

Daquelas que estão perdidas em algum lugar de mim...

Sirva-me por favor, aquela dose urgente e embriagante daquilo que tanto almejo. Não quero ficar sóbrio hoje, porque a sobriedade trás com ela as sombras, monstros e uma torturante visão opaca do mundo. Quero uma dose grande e extra forte. Quero me ver forte e bravo, mas honestamente tem sido difícil. Aquilo que me era certeza, nesses dias de clima inconstante tem se mostrado seco e infrutífero. Desgosto. Se não posso fazer o que amo, de que me adianta viver? Vou tomar essa alta dose para quem sabe eu conseguir sentir novamente, para que eu possa enxergar as minhas cores no mundo, daquele meu jeito único de enxergar tudo. Decifra-me ou devoto-te. Eu não vou te devorar... Nem você vai me decifrar nunca! Mal tenho conseguido entender o que se passa nesse meu universo interior... Me sinto como uma árvore, frondosa, cheia de sonhos-flores que colorem minha imensa copa. Mas poucos são os frutos. Onde estão os frutos dos sonhos-flores? Tantos sonhos... Estou cansado de cultivá-los por que eles já são muitos. E acreditem que os mais lindos sonhos eu já sonhei. Quero provar o sabor dos frutos, redescobrir o gosto e o sabor da festa. Estou tão onírico e também estou tão distante do eu real. Cadê meu drink?! Queria poder me embriagar de vez para voltar a sentir novamente. Poder simplesmente voltar a sentir apenas o meu tipo inesquecível apesar de,ás vezes, me achar uma porcaria. Oras me amo, oras amo menos. Oras desejo, oras desejo menos. Quero, não quero. Sim e talvez. Dentro disso tudo me sinto incapaz, atado, me sinto um ser aprisionado busca libertação. Rezo para que um dia eu possa encontrá-la. Passei por tantas coisas, esperei tantas outras, assim como eu tenho esperado minha bebida que nunca vem. E entre todas essas esperas, sonhos e muito viver, percebi que o amor não me compete, eu quero é destilar as emoções... Ora, se eu sou pura emoção, que mais que eu posso destilar nesse mundo todo? Quero não somente ser algo passageiro, quero ter a certeza de que tudo que acredito e sou, tudo que eu faço e sei que nasci para fazer, seja capaz de mudar a vida de uma pessoa que seja. Quero fazer a diferença. Eu ainda tenho muitos sonhos, mas quero apenas viver um porque eu sei que esse é meu sonho maior, aquela flor que cultivo desde que nasci e que tenho regado com todo cuidado. Sonho esse, que certamente tem um sabor melhor do que essa bebida que ainda não veio e que sei que engana o paladar. Quero poder viver esse sonho, porque eu sei que todo sonho acaba, e um dia ele vai acabar. Só espero ter desfrutado bastante, antes que ele termine.


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Daquelas que desejo que sejam enregues #2

Sai correndo, o mais rápido que eu conseguiria, só para chegar até você. A chuva que caia lavava minh'alma de tudo que ainda restava de ruim em mim. Corria, tinha pressa porque ensaiei a noite toda tudo aquilo que eu queria te falar. Sinais de bem, pequenos fragmentos de luz, falar da cor do amanhecer, lembrar de coisas que queremos viver, das flores de novembro e de nós. Espero chegar antes de você acordar, para que eu possa emoldurar seu despertar em meu coração. Como tenho pensado... Mas cansei de perder tempo pensando, porque sei que estamos em tempo de viver, de ser... Desejo nosso encontro para que eu possa te tocar com o olhar e com a mão, te envolver com todo meu sentimento que tanto tocou nosso coração. Vamos prender essa imagem do encontro que explode em tanta emoção, numa fotografia ou pintura de aquarela, com as cores que representam tudo que a gente já viveu e vai viver. Enquanto o mundo gira eu viro a mesa, transformo tudo e corro à frente do sol para chegar até você. Não acorde antes de eu chegar meu bem. Não se assuste com o que eu digo, não quero sugar todo seu leite, nem quero você como um enfeite do meu ser, só entenda e respeite meu louco jeito de ser e minha forma de expressar o que eu sinto. Deixa eu gostar de você. Deixa a gente se sintonizar, deixa a vida ser tudo aquilo que a gente sonha. Estou chegando. Para te acordar.


terça-feira, 16 de setembro de 2014

Diálogos...

- Feliz aniversário!
- O que você está fazendo aqui?
- Não posso comemorar seu aniversário?
- Eu não quero...
- Eu quero!
- Você está casado, não entende? Não podemos ficar juntos.
- Existiram muitos "nãos" em nossa vida, e eu quero agora um "sim".
- Como você quer um sim?
- Amanhã eu me separo. Olha esse casamento foi um erro, eu amo você. Eu nem sei porque me casei. Eu estava fraco. Essa relação está infeliz, para que continuar alimentando um erro?
- Mas você...
- Escute, eu sei pelo que passamos...
- Não, você não sabe. Olha, você é minha alma gêmea, eu amo você mas isso não pode acontecer. Eu vi minhas vidas passadas e você quase sempre esteve nelas, e sempre que tentávamos ficar juntos algo acontecia e interferia, ou eu morria ou você morria.
- Você nunca me disse isso...
- Não tem porque assombrar você com nossas vidas passadas.
- Não é disso que estou falando. Você nunca disse que me amava.
- Eu amo e por isso quero que você seja feliz, que você continue casado e aproveite sua vida. Tenho uma maldição em mim, eu sempre morro jovem e renasço. Você sempre está comigo e sempre cometemos esse mesmo erro. Como posso viver com quem eu amo se eu sei que no final a gente vai acabar morrendo e se separando?
- Como eu posso ser feliz sem meu coração batendo no peito? Como eu posso ser feliz se todos os dias quando acordo a primeira pessoa em que penso é você? Se passo o dia esperando te encontrar? Se todas as noite eu durmo e sonho com você? Eu não quero me enganar, eu não quero sofrer, eu não quero viver uma vida sem ser completo. Só posso ser completo com você.
- Isso é um erro.
- Sim, é errado não poder te fazer feliz. Não poder te abraçar a noite e ouvir você dormir em meus braços. Minha vida toda foi um erro até você aparecer.
- É um erro te querer aqui. Não posso ser egoísta assim e compor uma vida de amor com você sabendo que no final...
- O final não importa. Eu quero todo o meio com você.
- Eu sou diferente, você sabe.
- Sei... Eu também sou.
-  E vai valer a pena?
- Vai. Porque existe amor.
- Você é minha alma gêmea.
- Vamos acertar dessa vez?
- Alguém sempre sai machucado porque nossas escolhas machucam os outros. Nossos caminhos estão distantes agora. Existem pessoas envolvidas que não merecem sofrer. Eu abdiquei de muitas coisas e sofri com isso, mas percebo que essa era a coisa certa a ser feita. Assim só uma pessoa sofre. Eu. E com isso posso lidar. Mas causar sofrimento para os outros é uma coisa que eu não posso admitir.
- Você está me fazendo sofrer.
- Foi escolha sua casar.
- E eu posso viver assim? Sem minha alma gêmea? Sem meu coração batendo no peito?
- Faça dar certo. Esqueça o passado e deixe seu coração bater.
- Esquecer o passado? Como eu posso se nem você esqueceu? Vamos ser felizes. Você tem meu coração, ele é seu, quero que seja seu para sempre. Quero voltar a ser completo com você.
- Tome! Pegue seu coração de volta.
- Isso é errado.
- Isso é o que deve ser feito. Assim ninguém mais se machuca. Somente nós. E podemos lidar com isso. Tome seu coração de volta.
(ele a toma em seus braços e a beija)
- Quero que ele fique com você. É onde ele deve estar.
- Adeus.
- Adeus? Depois de tudo que eu disse, do que você disse...
- Eu lhe falei o que sinto, lhe falei a verdade. Mas estou escolhendo o certo. Quero que você seja feliz. Fazemos escolhas em nossa vida e eu já fiz a minha. Você fez as suas. O Melhor a ser feito é continuar e não permitir que ninguém mais sofra. Meu amor não vai mudar, porém sei que com o tempo ele se aquietará e se adaptará. Faça isso também.
- Você está me dizendo para dizer "não" ao que sentimos um pelo outro?
- Sim!
- Nunca pensei que um "sim" vindo de você pudesse doer tanto assim. Queria que esse "sim" fosse para nós.
- Quem sabe em outro momento, em outra vida, o destino mude e a gente possa ficar juntos e felizes.
- Quer saber? Dane-se o destino. Eu sou o dono da minha história e eu a escreverei diferente.
(ele a beija e ela corresponde)
- Você tem certeza?
- Sim! Amo você.
- Amo você.
- Feliz aniversário. De muitos que passaremos juntos!

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Daquelas que desejo que sejam entregues...

Liberdade...
Fazia um certo tempo que eu não me sentia assim, livre, sem medos. Eu que ultimamente estava recluso em minha concha protetora, como uma ostra que guarda em segurança o seu bem mais valioso, percebi que de nada me vale uma vida de oclusão, sendo que tanto eu tenho para mostrar e viver. As cicatrizes da vida são profundas, mas nada que o tempo não cure e que um bom remédio não possa amainar a dor. Se você foi machucado, é porque de certa forma deixou que isso acontecesse. Nós permitimos muitas coisas. Às vezes, não nos ouvimos, não ouvimos os outros e nesse caos inteligível, os machucados acontecem. E nos fechamos. Mas devemos aprender a entender o outro e a perdoar, acima de tudo, porque se mal nos fizeram, teve algum motivo. Talvez a gente nao entenda. Talvez, machucar seja a forma encontrada para revelar,  e com isso mudar o curso em que estamos e colocar tudo no lugar. Mas dói. Né?! Eu sei, mas não podemos nos fechar.
Quando eu me fecho, me privo de coisas, fico impermeável para a sensibilidade tão latente em mim. Quando me fecho, fecho as possibilidades de que um grãozinho de areia chegue a mim para que eu o transforme em uma linda pérola. Quando me abro, mostro ao mundo aquilo que sou e que sou muito mais do que essa concha protetora. Eu transformo, eu preloleio aquilo que toco e que se permite perolar. Toca-me e viro água, viro mar, viro melodia, viro aquilo que sou capaz de virar, e mesmo o incapaz, muda porque vontade eu sempre tenho. Guardo em mim muitos sonhos, sonhos luminosos como estrelas no céu...
Me dei de presente a liberdade. E isso me faz um bem tão grande que transborda de mim e chega a você. E eu sou. Eu vivo. Eu arteio e peroleio pelos palcos da vida como se não houvesse amanhã. E como é bom estar assim. Você já se experimentou ser livre? Que seja apenas hoje para começar? Já experimentou arrancar esses poemas presos dentro de você antes que se tornem pérolas opacas? Arranque! Dance, se preciso for, para que eles saiam. Seja poesia concreta, seja abstrata, seja aquilo que deve ser. Aprender isso é um passo muito importante para a nossa existência.
Liberdade.
Seja.
Colar de pérolas.
Eu agora não pretendo mais deixar essa minha liberdade escapar de mim, quero dividí-la com você, quero que todos possam ser livres e se ouvirem para que nao haja mais maldade, para que as cicatrizes que vamos colecionar ao longo da vida sejam de alegria, feitas durante longas brincadeiras de esconde-esconde e pega-pega, regadas a sorrisos e não tristezas.
Que nossa vida seja leve. Seja amor. Seja Eu, seja você. Que seja Aida. Que seja Oliver. Que seja quem quiser.
Permitamos!

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Daquelas que jamais serão entregues #2

Eu acabo rindo de mim mesmo, sempre. Que bom isso, eu acho. Aprendi várias lições muito valiosas por esses dias de inverno, como sempre ter um casaco extra na mochila, uma barrinha de chocolate caso dê fome, não tomar mais refrigerante e aderir a uma vida saudável, a perdoar os outros, ser uma pessoa melhor e a ter coragem, seja para solar uma canção que fale daqui que eu acredito - amor - ou de roubar um beijo. Superei muita coisa por entender que eu nunca vou e nem quero ser o que os outros pensam, mas sim, aquilo que EU quero ser. Parece meio idiota isso, eu sei, mas eu me perdia facilmente numa névoa venenosa de algumas pessoas, tentando ajudar, eu acabava me forçando a ser uma coisa que eu não queria. Hoje me assusta o fato de enxergar de fato como essas pessoas são, feias. A sensibilidade está mais aflorada, pelo que eu sinto. Tenho notado nunces mais sutis das pessoas, sentir suas energias e quase saber o que se passa com elas. Falta de interesse, falsidade, mentira, amizades, carinho e sonhos. E verdade seja dita só tem uma pessoa com quem eu consigo conversar e sentir um turbilhão de coisas boas. Estranho não, é?
Abri meus olhos e fechá-los é a última coisa que eu pretendo fazer, agora à luz desses novos tempos, desse novo eu, dessas tantas coisas que eu desejo e vou viver. Tudo está realmente em harmonia e paz... Não completamente, porque daí seria bem ruim, pois não teria nenhuma adrenalina ou emoção, mas no geral estou feliz. Só ficaria mais feliz se nossos rumos colidíssem de uma vez formando uma só estrada. É o que eu sinto. Mas será que você também sente isso?
Fantasio com plumas e tulê, com músicas e lugares, com você e nada mais. Um tanto quanto demodê pra hoje em dia, eu bem sei, estou beirando quase a adolescência, mas a vontade é tamanha que chega a doer no peito o desejo. Não pretendo cometer os mesmo erros do passado, por isso sossego minh'alma, e apenas espero pelas conversas madrugada a dentro, dos sorrisos, do seu timbre que faz cócegas no meu ouvido e das broncas que você me dá às vezes porque como besteiras demais. Dou risada. Que bom, pra quem antes chorava a toa, rir de tudo é ótimo. Estou com os pés no chão, acredite, mesmo que em mim haja uma vontade louca de voar até você e me encontrar dentro desses olhos que tanto busco em sonho. Fazes-me falta.
Eu bem sei que os finais felizes não existem, então, será que você se importa de compor comigo um início e um meio extravagantemente feliz? Assim, quando o fim chegar, não teremos o pesado fardo dos "achismos" das "incertezas e medos" e das "desilusões", teremos somente a leveza de um sentimento puro, a construção de uma vida, que deixará mais branda a hora da partida. E tudo terá valido a pena, pois haverá sentimento e uma bela história para se contar. Haverá amor e nada mais.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Daquelas que jamais serão entregues...

"Tu foste simplesmente à tua vida e eu fui à minha. Como sabes eu vivo por relâmpagos; contigo partilhei uma trovoada um pouco mais longa do que o habitual. Foi apenas isso. De qualquer modo a morte espreita sobre todos os prazeres dessa cronologia a que nos agarramos para escapar do tempo. O que somos para além do que vamos sendo? O meu além eras tu - imã da mina íntima, impessoal temporalidade. Redenção dos males que me amputaram. Tu. Agora puro vapor do universo. Serves-me de Deus - quem diria? Serves-me no que não sei ser e é a verdade. Olho para o mar do Guincho, para essas ondas frias e violentas em que tanto gostavas de mergulhar, e sinto-me também eu meio morto, meio frio. Feliz por estar ao teu lado outra vez. Ao lado dessa que já estava morta a um bom par de anos antes de tu morreres. Fazes-me falta. Mas a vida não é mais do que uma sucessão de faltas que nos animam. A tua morte alivia-me o medo de morrer. Contigo fora do jogo, diminui o interesse na parada. E se tu morreste, também eu serei capaz de morrer, sem que as ondas nem o céu nem o silêncio se transtornem. Cair em ti, cada vez mais longe da mísera ficção de mim." (Fazes-me Falta, Inês Pedrosa)

E a cada passo mais perto do fim, me apego aos bons momentos, aos momentos em que pensei ser feliz, antes de perceber que ambos sufocavamos dolorosamente. Que complicado é pensar agora. Sinto-me preso. Revejo coisas antigas, andei ouvindo aquela canção que estava calada, me livrei de outras memórias. Como será possível se machucar tanto somente por viver? Mas aí onde estás, as chagas e mágoas não chegam. Estás, mais do que nunca incólume de dores e desgraças. Será que você pensou em mim enquanto morria? Daria qualquer coisa por essa resposta, mas ao mesmo tempo prefiro ficar mais uma vez com minha imaginação criativa e fantasiosa. Aprendi que buscar a verdade nos torna castigadores cruéis. Nas minhas idas e vindas tropecei tanto em tuas mentiras que quase deturparam por completo tua lembrança. E mesmo assim eu alimento em meu coração o desejo de que você consiga ser totalmente feliz aonde estiver, além de perdoar você por tudo também. Como é difícil. Estou buscando ser uma pessoa bem melhor. Ser bom e fazer o bem, coisa que eu deveria ter feito a muito tempo, porque assim quem sabe caminhos errados não teriam sido escolhidos e muita coisa teria sido evitada e quem sabe você pudesse estar com vida. E eu longe somente permaneceria em meu mundo particular sonhando com aquilo que sempre sonhei, só que sem todas essas cicatrizes espalhadas pelo corpo e pelo coração. Lembranças da alma, memórias do corpo. Agora você é minha memória feita de pedra e sombra, onde tudo nasce, e eu mais uma vez me tranformo em água, me purificando, me permitindo ser maleável me permitindo seguir o fluxo de tudo. Fazes-me falta. Tudo agora tem sido falta, e a falta que a falta faz. Mas do que sinto falta? Não penso nisso agora. Permito-me sentir somente. Sinto muito.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Sonhos malucos...

Sabe quando você tem um dia ruim? Daqueles que você tem vontade de largar tudo e fugir o mais longe possível de tudo que você está vivendo? Pois é, vez por outra eu tenho vontade de sair pelo mundo sem rumo certo, querendo recomeçar do zero, um novo horizonte, um novo ponto de partida. Mas então eu penso em tudo que se passou até aqui, em todas as batalhas, derrotas e vitórias, e tudo isso me faz mudar de ideia. Eu tenho muitos sonhos dentro de mim. Sonhos um tanto malucos e que se estão dentro de mim, talvez seja porque não são assim tão malucos, ou eu seja um doido varrido movido a ilusões. Mas quem não é assim, não é?!
Se você está lendo isso, talvez me entenda e seja tão loucamente sonhador quanto eu. Nós que somos cantores de chuveiro, que dançamos em nossos quartos ou que caminhemos pelas ruas ouvindo música imaginando várias coreografias e vendo poesia a cada passo que damos, temos muita imaginação guardada dentro de nós, e é exatamente ela que nos faz seguir adiante, tendo força e fé. Graças a Deus! Imaginar e sonhar nos tiram de uma realidade por vezes dura e cruel e nos faz viajar para um mundo - nosso mundo - onde podemos ser quem quisermos e assim ganhamos força para continuar. E o melhor de tudo é que não pagamos nada para ir em nosso mundo particular.
Então, um dia, tenho muita fé nisso, conseguimos realizar uma sentelha desses sonhos que temos e pensamos que eles possivelmente não sejam assim tão malucos, ou quem sabe os sonhos malucos possam se tornar realidade.
Então quando você se sentir como a Cinderela, correndo contra o tempo, ou como Julieta, sem uma possibilidade aparente diante de sí, pare e pense... Volte para seu mundo onde todos os sonhos são possíveis e perceba que somos os escritores desse grande roteiro da vida e que temos em nós a força para poder suportar o peso que nos é dado. Nossa alma é livre, somos fruto daquilo que conseguimos imaginar, mesmo que as vezes tudo não saia assim como queremos. Então não se abale por um dia ruim, e lembre-se sempre dos seus sonhos. Afinal de contas, eu sei bem disso, sonhos malucos podem se tornar realidade.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Esconde-esconde...

1, 2, 3...
E que os jogos comecem!
Procuro de um lado, corro para o outro, não consigo decidir qual será o melhor esconderijo para mim. Antigamente seria mais fácil, talvez por eu ser mais novo, ou menor, não sei. Fato é que o tempo está correndo e cada vez tenho menos tempo para encontrar um lugar.
Sempre que acredito ter encontrado um esconderijo, me sinto incomodado, claustrofóbico, angustiado... Sinto falta de ar, falta de luz, falta de... De que é mesmo que sinto falta? Enfim, nenhum lugar é bom para mim.
30, 31, 32...
Cansei de correr, agora apenas ando em busca de um lugar. Mas, que infantilidade, na idade em que eu estou ficar brincando de esconder. A luz dos meus dias, percebo que antes era muito fácil me esconder, fácil demais. Encontrar-me então era uma tarefa árdua, digna de Indiana Jones. Nem eu conseguia me encontrar direito. Era tão ruim. Perdia tanto tempo escondido que perdia momentos importantes do jogo, como quando corremos até o ponto de partida para nos salvar, aquela adrenalina toda correndo nas veias, os olhos transbordantes de alegria por ter cumprido o objetivo e poder estar de volta ao ponto de partida para recomeçar. Mas eu preferia a quietude segura. sem riscos, sem perdas e sem ganhos também.
Meu deus por quanto tempo eu permaneci assim?
Ganhar e perder fazem parte do jogo, e muitas vezes perder nos ensina muito mais do que ganhar. Então de que adianta ficar escondido?
Acho que esconder-me cada vez mais tem deixado de ser uma opção para mim. O arriscar-me, o mostrar-me fazem parte desse eu mais maduro. Pra que vou me esconder?
111, 112, 113...
O tempo está acabando. Talvez, mais do que nunca seja a hora de arriscar-me mais para sentir a vida latejando dentro de mim. É... Esse certamente é o caminho. Sinto a vibração percorrer meu corpo que pede movimento. Corro, corro em direção diferente, ao invés de me afastar do ponto de partida, corro em direção a ele para finalmente começar de novo, sem medos, sem esconderijos... Quem sabe até iniciar um jogo diferente dessa vez...
198, 199, 200! Aí vou eu!


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Você...

E no teu cangote encontrei o refúgio que eu tanto busquei, o alento que faz bem para minha alma. Por um segundo eu paralisei quando nossos olhares se encontraram, você me tirou todo o ar, pra que eu pudesse respirar de verdade. Quando nossas mãos desengonçadas se tocaram pela primeira vez, num carinho sutil e despretensioso, onde o inverno se tornou verão e tudo ao nosso redor ficou mais colorido, senti algo diferente e desejei poder sentir isso todos os dias. Eu sorri sem perceber que ser feliz é questão de escolher... Eu escolho! Chorar, sorrir, beijar e dançar, juntos, na chuva quando chover, de noite ao luar de mãos dadas e corações unidos; almas em sintonia. Você pode rir, eu sei, porque eu sinto as coisas de maneira diferente, mas tudo que esta aqui dentro é novo e verdadeiro e me assusta e encanta... O que acontece? Tudo diferente de um jeito bom.
E eu agora de branco, diante do futuro que me assusta por soprar ventos de felicidade e de sonhos porvir, fecho meus olhos e te sinto aqui, segurando minha mão, beijando o canto da minha boca, depois o meu cangote e depois minha testa, ouço sua voz ao pé do meu ouvindo dizendo que só "está começando nossos mil meses de amor, antes de ter prorrogação" e quando abro meus olhos, encontro os seus. Me sinto seguro.
Caminhamos lado a lado, a brisa fazendo as margaridas e os laços amarelos dançarem ao nosso redor, aperto sua mão e você sorri, eu também sorrio entre lágrimas, porque você sabe que sou sentimental. Preciso só de três letras para tudo se tornar mais perfeito, sua boca se abre e uma linda canção dela sai me fazendo flutuar. Estamos em um sonho? Seus lábios me trazem para a realidade... É real...
Os dois de branco... O sol... As margaridas... Você!
Você me carrega nas costas, como todas aquelas vezes em que brincávamos, eu rindo e você correndo, e claro você me surpreendendo, como de costume, nos atira na piscina. Você logo me puxa para superfície, porque sabe que não sei nadar. Me recomponho daquele meu jeito estabanado, enquanto escuto sua gargalhada pueril. Abraço você pelo pescoço, e você me abraça pelo quadril. Olhos nos olhos, quero ver o que você faz. Então você me beija. Escolhi bem essa felicidade ao seu lado. Tomado por uma alegria que não cabe em mim tento te empurrar para o fundo da piscina, mas você é mais forte e eu falho no intento enquanto sua gargalhada ecoa, divertida, rápido você me segura e faz cócegas... Eu detesto isso, mas não consigo detestar quando vem de você. Somos bobos... Bobos e amantes.
Te abraço forte, você retribui. Sinto o cheirinho tão bom do seu cangote e você me beija...
"Isso é bom" digo levemente encabulado e muito feliz.
"Você vai ter isso para sempre" você responde.
"Obrigado!" eu digo sorrindo.
"Às ordens!" você responde brincalhão.
Será que a vida pode ser assim tão maravilhosa? Sim, ela pode, basta a gente escolher!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Seme'amor'...

Saber perdoar é algo que o ser humano precisa aprender. Como podemos pedir perdão por alguma coisa, se não sabemos perdoar? Livrar do peito uma dor, uma mágoa é algo fundamental para a nossa elevação espiritual. Se temos o livre arbítrio, podemos decidir o que queremos fazer, então que essas decisões sejam para o bem. Amar o próximo é uma dura lição mas só conseguimos isso quando temos amor próprio, e não se trata de egoísmo, muito pelo contrário, se eu me amo, eu passo a me respeitar a me entender a me perceber como protagonista da minha história e coadjuvante a história do outro. Mesmo que esse outro seja nosso antagonista. Tudo são escolhas. Se alguém escolhe ferir você, seja proposital ou não, precisamos do discernimento para entender todo o contexto. Mesmo que as vezes a gente queria afundar o crânio do antagonista com uma garrafa de vidro (dramático, não é?!). Somos seres humanos trazemos dentro de nós um caótico cenário de vivências, vidas e sentimentos, e organizar isso tudo é uma arte. A vingança existe em nós, mas devemos optar por não deixá-la tomar conta. Livre arbítrio. Algumas pessoas mudam, outras permanecem como estão, e não cabe a nós punirmos ninguém por nada. Tudo que fazemos nessa vida tem retorno, seja o bem, seja o mal, então o universo, ou Deus, se encarregam disso. Saber amar e ser amado é algo tão difícil quanto perdoar. Perdoar é divino, e nós temos esse poder também, pois o espírito do divino habita nosso corpo. Vingar-se é desumano, porque se eu resolvo punir alguém por um mal infligido, acabo me tornando algoz do outro, e faço mal, machuco, pelo bel prazer de me sentir ressarcido. Sentimentos contrastantes com os quais devemos lidar. É bem difícil, né?! Na teoria, tudo parece fácil e correto, mas na prática, a teoria é outra.
Isto posto, penso que o melhor a fazer é "demitir" quem nos faz mal e buscar ficar rodeados de quem sabe espalhar o amor. Para o nosso próprio bem, não por egoísmo. Eu me faço bem para poder fazer o bem ao próximo, sem esperar recompensas, porque elas vêm ao seu tempo. Enquanto isso podemos abrir nossos olhos, nossa alma e coração para que o bem chegue a nós também. Tarefa difícil essa. Mas talvez seja por isso que muitos de nós estejamos aqui nessa vida, para aprender isso e depois aprender outras tantas lições. A vida é um eterno aprender.
Planto o amor em mim, para que uma árvore forte cresça, gere frutos e com eles mais sementes para que eu possa semear o amor por aí... Não sejamos semea'dores' porque quem semeia dor, colhe toda a tristeza que nela está arraigada. Sejamos então seme'amores', para que colhamos amor e tudo de bom que ele pode nos proporcionar.

domingo, 20 de julho de 2014

Verdade...

A maioria das pessoas trata os sentimentos dos outros de forma tão leviana, que isso me deixa deveras incomodado. Existe uma urgência, um egoísmo latente que nos impede de pensar nos outros, focando somente no que o meu EU anseia. E assim, o seu EU te cega, te sufoca e cada vez mais você permanece na dependência de ter o que você quer, doa a quem doer. Esse é o ser humano de hoje, ou pelo menos boa parcela. Somos feitos para acabar, nascemos com a certeza da morte, e mesmo sabendo da nossa curta temporada aqui na terra, ao invés de experimentarmos e vivermos sentimentos bons, que complementem os dos outros, começamos uma guerra sem fim onde o meu prazer é mais importante do que o seu. O que você quer levar dessa existência? Quem você quer ser? E quando tudo acabar e você olhar para trás, do que você quer se orgulhar?
Tenho estado pensativo por esses dias, e tomado por uma tristeza que nunca antes experimentei, permiti-me verbalizar o que eu sinto. Egoísmo? Talvez, mas o que escrevo te incomoda?
O ser humano sofre da razão, e adoece por causa dela. Guardamos em nosso corpo as lembranças da vida e tudo aquilo que sentimos. Quando sentimos coisas ruins, guardamos-a num canto escuro de nós e ela fica ali, crescendo, se alimentando do que temos de bom, e crescendo, transformando tudo em coisas ruins, em doenças. Tumores, depressão, gastrite, espinhas... O que temos e sofremos é resultado de sentimentos não vividos, não externalizados. Se eu guardar pra mim o que é bom, isso também me fará mal, porque não dei a oportunidade a esse sentimento de sair de mim e contagiar outras pessoas e assim crescer. Não quero adoecer da razão, menos ainda do medo de não sentir. Quero a liberdade de ser, de propósito, sabe?! Viver aquilo que me faz feliz, chorar aquilo que me faz mal, colocar em palavras aquilo que sou.
Tem coisas que estão em nós, que é muito difícil de deixar sair, por isso eu danço, porque dançar abala as estruturas internas de mim, sacudindo a poeira e colocando pra fora aquilo que não deve se fixar em mim, eu canto, porque nas palavras encontro as respostas para os meus porquês, nas notas eu emerjo sentimentos encalacrados na garganta, e quando isso não basta eu escrevo, me permito ser arte literal, poesia sintética, prosa e verso, porque toda essa pluralidade é o que me torna especial, não pra você que provavelmente não goste da minha interpretação, da minha dança, canto ou escrita, mas especial pra mim. Porque estou me respeitando, tratando daquilo que sinto sem prejudicar ninguém... Se você estiver incomodado com isso, pare de ler, ué! É simples. A vida é curta para nos importarmos em guardar as coisas que sentimos, e não viver o que devemos viver. É isso que vamos levar para outro plano, para outro lugar quando chegar o fim. As lembranças dos bons momentos vividos, o sorriso e a lágrima, mas acima de tudo aquilo que eu me permiti ser, de verdade.
Sinto-me mais leve. Cante, Dance, Escreva, Atue, Seja, como se não houvesse amanhã, porque um dia não vai haver... E aí, quem você quer ser? Do que quer se orgulhar?

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Me colha!

O sabor da alegria invade minha boca, entorpece meus sentidos, amortece o meu corpo. Ouço sons desconexos imerso nesse torpor saboroso. Me sinto diferente, algo bem estranho. Estou maduro, como uma fruta no pé, então me colha! Permita-se experimentar meu sabor e ser arrebatado pelo sentimento. Palavras não são necessárias porque elas tentem a limitar, elas não são suficientes para descrever a sensação. Deixar-se levar é algo muito difícil, exige confiança e domínio de si. Não espere nada, não anseie nada, porque se aquilo que quiseres não acontecer você terá somente o gosto amargo em sua boca. Porém, se nada esperares, aquilo que vier o arrebatará de tal modo que tudo fará sentido, terá valido a pena e o gosto será maravilhoso.
Que diferença significativa, amadureço de forma surpreendente. Surpreso. Só os tolos se deixam confundir por sentimentos felizes, só os tolos confundem a felicidade com uma mentira passageira. Quem não arrisca não petisca. Quem não se joga, não sabe o sentimento de 'voar' mesmo que depois venha a queda, mas sabe como dizem, "se doeu é porque valeu", mais vale a dor de ter vivido do que o remorso de ter deixado a oportunidade passar.
Estou me sentindo primaveril, mesmo que ainda hajam vestígios de inverno aqui dentro, mas é questão de tempo para eles passarem e a primavera tomar conta. Eu sei o que eu quero, sei quem eu sou, estou disposto a arriscar, sem esperar nada em troca. Tenho medo, mas sentir medo é um tanto normal. Já aprendi que nosso "final feliz" não existe como nos contos de fadas, nós somos os responsáveis por terminar o roteiro da nossa vida e muitas vezes um 'final feliz' pra mim, não é feliz pra você. Dessa forma, sempre haverá uma parte não feliz completamente. Então vamos viver sem restrições! Sejamos felizes, cantemos e dancemos embriagados pelo sabor da alegria. Eu tô pronto, já estou brindando! E você vai esperar o que? Deixa eu te mostrar o sabor... Vem cá, me colha, já estou maduro no pé!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Encontre o erro...

Encontre o erro.
Onde ele está? Preciso de ajuda por que eu realmente não consigo mais. Estou sem forças. A imagens caóticas desse caleidoscópio não fazem mais sentido. Desconexo. Eu tinha a obrigação de não permitir que os erros fossem tão significativos a ponto de mudar o rumo das coisas.
Imagens soltas, fragmentadas, e as lágrimas? Porque não vêm? Não consigo mais chorar. Me sinto vazio. Algo aqui morreu, me deixando assim.
Porque você insiste nisso? São erros que não consigo encontrar e que me deixam assim, nesse desalento, nessa incessante busca de algo que me preencha. Você sabe quem eu sou? Sabe quem eu fui? Isso não importa mais; pretérito imperfeito lançado no abismo das desilusões. Quem eu quero ser? Quero ser alguém que não erra, que não mais sofre, que não mais chora suas dores e as feridas que outros me infligiram. Encontrem o erro e me digam por favor!
Essa imagem que sempre volta a minha mente me atormenta. O ontem já passou e eu só desejo o amanhã, mas não o encontro, porque sempre que acordo estou o hoje e o amanhã é sempre desejo, uma promessa que nunca chega!
Junto as imagens, lanço mão, remonto, recrio, fantasio demais o futuro mas não consigo me desprender do presente...
Dentro do meu quarto branco, decorado de forma simples mas que fala de mim, junto as imagens que não quero mais comigo encaixoto e deixo do lado de fora da minha porta dourada. Tranco a porta. A verdade está lá fora também, mas por hora eu só quero encontrar o erro!
Erro, solo...
Solo, erro...
Encontre.
Se...
Encontre-se.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Diálogo...

DIÁLOGO (ou Um pedaço de nós dois)

HOMEM – tem café e bolo, aí no criado mudo. Fiz aquele que você gosta, com banana e canela. (ela olha e sorri) A ração dele acabou, e eu não vou comprar, você sabe. Isso é sua função, eu nunca quis isso em casa. (ela olha triste) Acho muito bom você tomar as providências porque já estamos ficando sem comida também. Eu não tive tempo de ir ao mercado, ainda mais com tudo isso acontecendo. (pausa) O tempo tá esfriando e parece que vai começar a chover... Eu sei como você odeia dias assim, mas nem tudo pode ser como a gente quer. (ela olha pela janela, caminha até o homem, pausa) Nem adianta me olhar com essa cara. Ontem eu tive outra entrevista, num restaurante aqui perto, mas sabe como é, a mesma ladainha de sempre, eu faço o prato que eles me pedem, eles provam e dizem que vão me ligar, que tem outros candidatos à vaga. Balela, isso pra mim já é um não, enorme, cravado no meu peito. Pra que dizer que vai ligar e não ligam nunca? Tudo seria muito mais fácil na vida da gente, se as pessoas soubessem falar o que pensam e o que sentem sem criar falsas expectativas nos outros. Ou você quer ou não quer, simples, rápido e indolor. (pausa) Será que você pode por favor colocar um casaco? (homem coloca o casaco na mulher) Aí, ó, não falei, começou a chover! (pausa) Os dias tem sido chuvosos ultimamente, reflexos da vida? (olham-se) Eu sempre admirei a sua segurança, seu bom gosto para os filmes e como você sabia fazer cafuné em mim quando eu estava carente. Você sempre soube como falar, sempre soube como acariciar. E eu não entendo porque você não me contou antes. Será que eu pareço assim tão desequilibrado e frágil, que cometeria alguma besteira? (mulher olha com ironia) Todas aquelas ligações e mensagens que você trocava com ele, aquelas saídas dia sim dia não... Eu não enxerguei. Aliás eu me ceguei diante diante do óbvio?! O que você pensaria se estivesse no meu lugar, hein?! (celular dele toca, mulher olha brava) Relaxa, eu não vou atender, devem ser do restaurante para confirmar o não. Quantas vezes eu te deixei sozinha no quarto enquanto eu ficava horas e horas na cozinha em busca do sabor perfeito para as minhas receitas... Quantas vezes você sofreu calada? Eu não estava te trocando. Todas aquelas brigas eram idiotas e sem fundamento. Também pudera eu sou de sagitário e você de escorpião. Somos o nosso inferno astral, não era isso que você dizia sempre? (sorriem) Nossa, fazia tempo que não via você sorrir assim, de mostrar os dentes, que bom. Sabe aquela revista que você comprava sempre e que eu achava que era a maior perda de tempo e dinheiro? Pois é, eu li um artigo interessante falando que sorrir faz bem para o corpo e ajuda em tratamentos médicos. Por isso você adotou ele? Eu via como você sorria, mas você me trocava por ele! Eu estava ao seu lado a muito tempo e você me troca assim por um saco de pulgas? (pausa, ele levanta vai até o criado mudo, se serve de bolo e café, senta e come. Ela anda pelo quarto, olha para ele, para na janela, suspira, ele falando de boca cheia) Tá chovendo muito, acho que não para tão cedo. (ela olha reprovando) O que é? A vida inteira eu falei de boca cheia e você nunca falou nada... Tá você falou, mas eu não sou bom em entender indiretas... Não faz essa cara! Lembra quanto tempo eu levei para entender que você estava afim de mim também? Falando nisso, chegou o convite de casamento da Júlia, quem diria que nossa amiga feminista iria casar algum dia. Ainda bem que ela teve o bom senso de te contratar pra organizar tudo, porque do contrário aposto que ela serviria linguicinha com farofa e cerveja com pagode! Você sempre se destacou quando o assunto era organizar eventos. Não era surpresa pra ninguém que a bem sucedida do casal fosse você. Também o que um cozinheiro desempregado poderia oferecer? Eu deveria ter engolido meu orgulho e aceitado fazer os buffes dos seus eventos, mas esse machismo, essa coisa de pensar que não seria bem visto eu trabalhar para minha mulher fez com que eu negasse sempre. Ah... será que você consegue pagar as contas desse mês? Elas vencem amanhã. Eu gosto como a chuva desenha na janela, acho que é meio que um relaxante pra mim. Esse bolo realmente está muito bom, você deveria provar, da próxima vez que eu for para uma entrevista, vou fazer esse bolo. Me superei, massa leve, firme, tempero na medida certa. Sempre soube como medir as coisas na cozinha, e porque não conseguia fazer isso com a nossa vida? Ontem ligaram da agência de viagens, sobre aquele pacote para Nova Iorque, lá nessa época do ano não chove, pelo menos. Eu não confirmei nada porque precisava falar com você antes. Você viu que eu repus o seu abajur? Eu sei que o que eu quebrei era seu de estimação, que sua vó tinha lhe dado quando você era pequena... (mulher olha surpresa) Ah, eu não disse que fui eu que quebrei, né?! Eu sabia que você ficaria triste e provavelmente a gente brigaria, por isso era mais fácil culpar o pulguento que você não ficaria tão zangada. Você fica tão sexy quando está zangada... Que? Não me olha com essa cara, eu tô sendo sincero. (ela sorri) Eu sei que eu deveria ter aprendido a ser sincero antes. Mas como eu conseguiria ser sincero com você fazendo aquelas ligações e trocando aquelas mensagens e saindo várias vezes? Isso me deixava louco de raiva, porque eu me sentia traído! Eu sempre do seu lado, tudo bem que eu talvez não fosse o melhor pra você mas você sempre foi  o meu melhor, tudo aquilo que eu deveria ser, mas aquela bruxa exotérica da sua mãe que teimou em fazer nosso mapa astral e falou que somos o nosso inferno, mas o inferno são os outros! Eu queria você! E agora tudo que você me oferece é esse silêncio! Valeu a pena guardar esse segredo? Eu poderia ter feito alguma coisa... E agora to com esse nó encalacrado na garganta e nem chorar na sua frente eu posso! Eu já falei que não adianta me olhar assim... Eu nem consigo mais dormir no escuro, tudo porque eu me acostumei a dormir com a luz do corredor acesa porque você sempre teve medo do escuro! E acredite o escuro é o menor dos meus medos agora! Fala comigo! Pelo amor de deus, me responde! O que você tá sentindo? Porque você não me falou antes? Porque?  Eu te amo tanto, mas tanto que seu silêncio grita em meus ouvidos! Eu te amo! Como eu me arrependo de não ter dito isso mais vezes! Fala comigo! Reclama dessa chuva que continua caindo... Da minha indiferença com o pulguento... Do abajur que você agora sabe que eu quebrei e menti pra você, não disso você não pode reclamar porque você também mentiu pra mim. Me fazer acreditar que você tinha outro com o propósito de não me fazer sofrer? Você achou mesmo que eu abriria mão assim tão fácil de você? Eu luto por você com todas as minhas forças... Fala comigo! Porque?! Eu sempre fui pessimista, e nem estava com intenção de amar até te encontrar. Você saia tantas vezes que deveria ter saído mais e procurado uma segunda opinião, uma terceira, uma quarta... E você continua assim, sem falar nada? O que eu vou fazer agora? Eu aprendi tantas coisas com você, mas você não me ensinou a... (pausa, suspira) Você sempre soube melhor do que eu a lidar com perdas, né? Você sempre foi forte. Sai logo dai. Volta pra casa comigo... Amo você.
(homem sai, medidor de batimentos cardíacos para. Ela morre. Black out)


Texto escrito por Kaio e Giovana numa madrugada qualquer.

sábado, 5 de julho de 2014

É com esse que eu vou...

É urgente. É fundamental. É novo. A possibilidade foi dada e a sorte lançada. Quiçá novas terras, novos ares, novas paisagens para preencher a moldura da janela no meu novo quarto. Minhas raízes aéreas seguem o fluxo contínuo dos ventos do destino e sem vontade ou necessidade de ficar eu vou arrumando minhas coisas, ajeitando coisas aqui e ali, de modo que a partida seja indolor, imperceptível. Nunca me dei bem com despedidas, o ‘adeus’ pra mim é algo desgastantemente doloroso e opcional. Anseio por novidades e esta porta que se entreabre é iluminada pela aurora de um novo amanhecer, um novo despertar. Primavera? Não lá é Outono. Lá é um lugar longe, é um lugar onde começarei do zero. Isso não será um problema para mim, considerando que começar do zero é algo que muito eu fiz, acho até que posso colocar no meu currículo como complemento, ora pois.
Não sei se lá eu vou fincar raízes por mais tempo, quem sabe os ventos soprem mais uma vez e eu acabe voando por aí. Não sei, e nem pretendo me demorar nesse pensamento. Focado no agora, no presente, tá, focado um pouquinho no futuro também.

Vou vazio de tudo, pronto para poder receber tudo de bom que o universo mandar. E que o universo seja mais benevolente dessa vez.

domingo, 22 de junho de 2014

Coisas minhas...

Ao longo desses dias intermináveis, comecei a pensar muito sobre várias coisas que estão entre o céu e a terra, nas coisas que eu passei, decisões que eu tomei, caminhos que segui... Todo esse blá blá blá... Então percebi que não vale de nada ficar pensando no meu passado, ele já passou, já era, se foi... Tenho então aprendido a parar de pensar nas minhas escolhas e nas probabilidades do que poderia ter sido se eu tivesse mudado de ideia. Afinal cada um é aquilo que pode ser, e por favor não me venha com esse lero lero de que podemos ser o que quisermos porque isso é uma enorme tolice! Nós somos na maior parte das vezes aquilo que conseguimos ser sem muito esforço, de leve... E isso tudo porque, senhoras e senhores? Por puro medo de fracassar, por preguiça.
Eu nunca fui daquelas crianças que sonhava jogar futebol, ser astronauta e todas essas profissões bacanas, eu sempre tive em mente o que eu queria, o que me tornava mais fortemente um esquisito, atípico... E embora a visão que tenham de mim é de um ser humano agitado, intenso e expressivo, também existe um outro lado mais doce, bom e calmo, sensível eu diria. Não sou uma pessoa ruim, mas também não sou boa. Nunca fui um santinho, mas escondo bem o meu tridente.
E isso tudo veio porque estou precisando me adaptar demais. Vivemos de referências, e todas as pessoas cercam-se delas para viver, sejam lugares, programas de TV ou hábitos que sustentem todas as necessidades para seu modo de vida. Todo mundo cria em sua cabeça, um mundo imaginário, onde tudo gira ao seu redor, lhe dando a falsa esperança de que tudo está em seu perfeito lugar, e que você é suficientemente feliz. Só que meus hábitos mudaram, eu mudei demais e tudo isso não tem mais cabido nesse lugar, estou me desencaixando e não tenho a menor vontade ou sequer um remoto interesse de me reencaixar. Eu experimentei outros lugares e já percebi que aqui não será, e talvez nunca tenha sido, suficiente pra mim.

Isto posto (sempre achei chic usar temos assim) fica o registro de que existe uma peça que não se encaixa nesse quebra-cabeça, não quero nem tentar, porque do jogo que eu pertenço, logo eu voltarei para completar.

terça-feira, 10 de junho de 2014

O homicídio de Lisa...

Lisa – São 3h39 minutos... 40 agora. E eu tinha jurado pra mim mesma que você não iria mais atormentar meus sonhos. Eu estava indo bem, mas você teima em voltar a tona quando tudo parece estar bem pra mim. Noite passada foi a mesma coisa. Eu desenvolvi um mecanismo de defesa para quando você invade minha mente durante a noite, meu corpo deseja se libertar disso e eu acabo acordando. Tenho acordado várias vezes durante a noite. O café que antes era um prazer pra mim, tornou-se um parceiro fiel durante as madrugadas frias, quando fico sentada no chão frio da cozinha rezando para que o sono chegue e Morfeu me conceda algumas horas de paz... Ontem num surto desesperado tentei acabar com isso. Uma lâmina feroz que pudesse sanar todo o mal, mas que conseguiu somente um corte lento e doloroso no punho. Sou fraca demais, covarde demais, tola demais. Sangrei em silêncio, desejando que junto com meu sangue você morresse em mim. Não tenho sentido minha mão desde então, não tenho firmeza mais para segurar a caneca de café. Idiota, né?! Você é como a fênix, que ressurge das cinzas e me queima com seu fogo imortal. Não tenho forças para matar você em mim, todas as tentativas de homicídio não passam de uma série de “quases”... Porque?! Quero liberdade... E agora como costumeiro, estou sentada no chão frio da cozinha, com uma caneca de café, olhos distantes e com o peito marcado, dilacerado pelas imagens que surgem no meu subconsciente e me assombram com cenas do passado e dos medos que tenho escondidos em mim. Tola. Não quero mais... Sei que existe uma forma de acabar com tudo isso, sei que posso aniquilar esses sentimentos de uma vez por todas. Sei que isso é irreversível também, mas tenho me sentido presa, como se tudo estivesse tentando me levar pra frente mas permaneço presa nesse cais. O café esfriou. Tentei cozinhar, mas sem as forças de uma mão foi em vão. Tentei lavar roupa, tomar banho... Tentar dormir está fora de cogitação. Saio então de casa, protegida pelo véu da madrugada, vestindo meu pijama e pantufas, quem sabe o frio me faça sentir viva. Passos incertos... quem sabe amanhã seja o fim de tudo? Desejo com todo meu corpo gelado que isso aconteça... Caminho de volta pra casa e tomo uma ducha quente, saio exausta do chuveiro e rezo novamente para que amanhã seja o derradeiro dia do homicídio. Deito na cama, e dessa vez consigo não sonhar, mas acordo com lágrimas nos olhos...

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Bolo de chocolate...

Menina – Eu quero comer bolo de chocolate! Com cobertura de chocolate e pedacinhos de chocolate!
Mãe – Ai meu deus! Quanto chocolate! Vai dar dor de barriga minha filha.
Menina – Não tem problema! Será uma dor de barriga que passará logo! O momento que veio antes, no entanto, será tão feliz que vai acabar com toda a dor.
Mãe – Que pensamento mais maluco minha filha! Olha, eu faço algum doce mais light pode ser?
Menina – Não! Eu quero essa overdose de chocolate!
Mãe – Você vai engordar, depois não vai caber nas suas roupas!
Menina – Ah, daí a mãe compra outras pra mim, maiores onde caberá toda a felicidade!
Mãe – Eu não compro nada!
Menina – Então eu vou andar pelada! Ou vou costurar as roupas que eu mais gosto, umas nas outras e assim serei feliz em dobro por poder usar de uma vez todas as roupas que eu gosto ao mesmo tempo.
Mãe – Vai parecer uma enorme colcha de retalhos! Colorida...
Menina – As colchas de retalhos são lindas, elas guardam histórias que só quem as possui sabe, os outros somente gostam por conta da energia e amor nela contidos em cada pedacinho.
Mãe – Mas minha filha, você comendo todo esse chocolate, vestindo sua roupa de retalhos vai parecer uma boneca de pano remendada.
Menina – Remendada eu já estou, mamãe...
Mãe – Eu amo você.
Menina – Eu amo a senhora muito mais!
Mãe – Você não está remendada meu bem...
Menina – Eu tenho tantas costuras quanto uma boneca de pano.
Mãe – Não gosto quando você fala assim.
Menina – Eu sei, desculpe. Tudo isso é porque eles estavam tentando me consertar...
Mãe – Vamos mudar de assunto?
Menina – E não deu certo, mamãe.
Mãe – Eu não quero mais que você fale isso! Farei uma refeição saudável para nós!
Menina – Comida saudável tem gosto de papel!
Mãe – Faz bem para o corpo...
Menina – Eu quero algo que faça bem para a Alma!
Mãe – Filha...
Menina – O que não mata, engorda! Eu serei fofinha e os abraços serão mais gostosos!
Mãe – Mas você precisa se cuidar minha pequena... Eu preciso cuidar de você...
Menina – A senhora precisa ser feliz! Precisa cuidar da senhora do papai. Todos já tentaram cuidar de mim e parece que não deu certo.
Mãe – Não fale isso!
Menina – Mas essa é a verdade, talvez eu não deva ser consertada, talvez seja defeito de fabricação! A senhora deveria ligar para o procon!
Mãe – Não tem graça.
Menina – Sorria! Sejamos mais leves por favor.
Mãe – Como?
Menina – Façamos o bolo! Nós duas juntas. A cozinha ficará uma bagunça, ficaremos com farinha no nariz e riremos bastante. Quando o bolo ficar pronto terá um gosto especial, gosto de amor e alegria. Teremos esse momento para costurar na colcha de retalhos que é a vida!
Mãe – Então que seja uma colcha feliz e achocolatada!
Menina – Isso. Sentaremos na sala, assistiremos os filmes que gostamos, cantaremos com os musicais!
Mãe – Que seja então assim, feliz e leve!
Menina – Isso mamãe! Vem! (menina sai. Fora de cena ouve-se a risada da menina)

Mãe – Que a vida seja leve. Aquele foi um fim de semana regado a sorrisos, doces e muita alegria. Minha menina é o meu raio de sol, e assim como o sol se põe, ela se foi deixando todo noite. Os médicos não sabiam mais o que fazer por ela, e assim como ela viveu, sorrindo, ela se foi. Mas deixou comigo uma enorme colcha de retalhos que levo comigo sempre. Sempre que sinto cheiro do bolo de chocolate, fecho os meus olhos e consigo sentir ela aqui, rindo ao meu lado. Eu sempre vou amá-la.

(kaio gomes bergamin)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Girar...

E o medo? Tudo já estava voltando para o eixo e agora eu tinha que virar tudo de cabeça para baixo e deixar a força me levar? E o controle? Para onde iria nesse giro de cabeça para baixo? Queda livre?
O medo nos impede de fazer certas coisas, o medo de perder o controle nos limita... às vezes é preciso perder o controle sem medo para poder descobrir as infinitas possibilidades que a vida nos oferece. Na teoria isso é lindo, não é? Mas na prática a teoria é outra! Ok, se eu me pré dispus a isso então que seja inteiro, que seja em fluxo de vida, que seja descontrolado e destemido, senão de que adianta viver na zona de conforto? Preparei meu corpo e deixei que o fluxo seguisse. E o mundo é bem diferente desse novo ponto de vista... Não existem somente duas possibilidades, viver é muito mais do que essa limitação cartesiana de sim e não, certo e errado... Girei tudo, com medo ainda, mas depois da primeira vez, nossa! Tudo ficou diferente, ficou mágico e um leque se abriu. A cada passo, a cada giro, a cada milímetro tem sido uma conquista para essa alma despedaçada, a cada segundo um novo encontro com meu eu... Danço!
O ar preenche o espaço vazio no peito, tornando-me leve, a cada batida (do coração?) a alma se fortalece e permite-se ser tocada. Sensibilidade aflorada, mais do que nunca, só que agora com mais sabedoria do que antes. Que conquista! Sustenta isso!
Saltei, girei, caí e levantei embalado pela canção... O medo está menor, e acho que sempre vai existir, afinal precisamos de um equilíbrio, e assim como ele está, parece ser saudável. E o mundo gira em seu eixo e fora dele, de cabeça para cima ou de cabeça para baixo, ele gira. Alegria descomunal!

Viver, sem pedir licença... Ser!

domingo, 13 de abril de 2014

Elena...

Quando a dor se torna insuportável para uma alma, e começa a interferir nos demais; quando a vida sufoca e já não é mais possível respirar...Às vezes sacrifícios são necessários... Ainda mais quando se trata de si mesmo. Muitas pessoas diriam que é covardia, fraqueza, que seja. De que adianta continuar a viver se não posso fazer o que amo? De que adianta manter esse espaço vazio em meu peito, lutando contra a pressão exercida pela vida que quer me suprimir? A lua que tantas vezes foi minha cúmplice, que por tantas vezes foi minha confidente fiel e parceira das horas de dança, agora já não me basta. Pessoas sempre falaram de mim por eu ser diferente e eu vou começar a falar delas por serem todas iguais. Fujo sim. Numa corrida desenfreada contra o muro de concreto sabendo que essa será a última dor. Prefácios de morte? Não... Não, ninguém morre somente por correr e se chocar contra um muro, eu espero, pelo menos. Mas como eu posso continuar? Já não consigo cantar porque o nó que prende minha garganta estendeu-se para meu peito vazio a fim de ocupar os espaços vazios e tudo que sai de mim é feio e ruidoso. Dançar não basta, e o palco tornou-se uma realidade distante. Rota de colisão. Reuni todas as minhas forças, todo o restante de coragem que tinha e canalizei em uma bomba-relógio só minha. Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac... O tempo está passando e a data de explosão está próxima. Vai implodir... E com isso não haverá mais dor nem sofrimento... nem sentimento também... Não queria ser sua Elena, porém os fatos expostos conferem com a realidade atual. Não tenho aspirinas e cachaça, tenho algo mais letal, minha cabeça. Toque-me! Veja como viro água! Assim como minhas memórias. E você é a minha memória inconsolável feita de pedra e sombra da qual brotava vida, arte... Mas agora... Tenho medo do que pode acontecer, mas medo eu sempre tive de tudo! Surpreendo-me por não estar tremendo de medo agora. Talvez por ter tanto medo antes eu não tenha conseguido... E agora restam todas as dores espalhadas pelo corpo. Pensei que tinha conseguido a coragem para isso, mas duvido de mim. E não mais doerá. Queria entrar em um carro com as pessoas que amo e dirigir até um penhasco e livrar todos dessa dor, mas não seria justo com elas... Estou virando água junto com todos os 'nãos' recebidos, com os sonhos que não realizei, com a certeza de que não há mais nada. Eu mudei. Tanto. Que nem me reconheço nas ruas ou nos espelhos casuais... Eu já parti a tanto tempo que nem sei porque não percebi. Eu lutei o quanto pude, eu tentei, tentei, tentei tanto que esqueci de acertar e tudo não passou de tentativas fracassadas de um rascunho de vida. Lamento. E danço pela última vez com a lua. Relembro todo o amor que tive, para pelo menos poder partir com a certeza de que fui amado e amei também. Tic Tac Tic Tac... Talvez eu me torne sua Elena minha pequena, me perdoe por isso... Onde estão as minhas aspirinas? Não as encontro nesse escuro todo... Eu cantaria, ou dançaria se pudesse, mas eu nasci para atuar e não há mais motivos para continuar em uma rota que no final vai dar em nada... Isso fere meus sentimentos. Lembre-se de mim com carinho, amor e sempre que encontrar uma margarida, saiba que ofereço-a de presente a você. Cuide de todos, cuide de sí acima de tudo, seja o que eu não fui e tenha força para sustentar a barra que é viver. Tic Tac. Acabou.

(aspirações não reprimidas sobre o filme ELENA)

domingo, 6 de abril de 2014

Bruma...

Quantas vezes você vai me deixar da meia volta? Quantas vezes você vai me fazer mudar de ideia e dar meia volta? Porque eu não consigo mais falar, eu nem consigo pensar direito... Não sei se deixo que você me salve ou se simplesmente me permito afogar. E mesmo com todo esse caos instaurado dentro de mim eu ainda espero que você consiga ver além dessa bruma, dessa barreira na qual eu me escondo. Sinto que estou caindo e tudo que eu consigo desejar nesse momento é que você coloque seu braços ao redor de mim para que eu me sinta em casa novamente. Eu olho ao meu redor e vejo o mundo desmoronar, por consequências das minhas escolhas do passado, e no presente eu tento consertar, sem enxergar o futuro adiante. Sem planos, sem projeções nem expectativas eu vou caindo sem saber nem querer mais sentir nada. Mesmo assim eu prefiro me esconder, porque assim eu sangro sem machucar você. É mais fácil me deixar ir... Estou fazendo de tudo para que você não me veja, para que você não consiga ver essa verdade em que estou, mas tudo está confuso que ao mesmo tempo em que me escondo, rezo para que seus braços me encontrem, me segurem nessa queda e me sinta em casa por mais uma vez. Um abraço cura tudo, e o seu abraço exerce um enorme poder em mim. Eu nunca antes me abri, nunca antes amei ou me permiti amar, mas você então chegou e me abraçou e tudo se transformou naturalmente, mesmo eu sabendo que seria melhor você me deixar partir. Queria poder ser uma máquina, mas na verdade eu sou humano, sou frágil por trás da bruma, porque enquanto o som da solidão me acompanha, eu danço em meu quarto, eu canto até conseguir dormir desejando seu abraço para me fazer sentir em casa mais uma vez.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Abraço...

"Um abraço cura tudo"
E talvez seja verdade... Quando é verdadeiro, recheado de sentimento, os corações ficam alinhados e batem em sintonia. Numa melodia que só eles conhecem. E cura. Perceber a canção e coreografias contidas entre o enlace de dois corpos, ou mesmo a força contrária que puxa um dos braços, fazendo com que seja um meio abraço, nos deixam leves.
Um abraço por dia é a dose que eu preciso para meu tratamento, sem preocupação com a super dosagem, contanto que seja de verdade. Eu abraço a mim, eu abraço você, eu me reconheço em seu abraço mas temo que eu não mais me perceba.
Leve!
Um abraço... É o que eu preciso. O resto é bônus do universo!

Vem... Canta e dança comigo esse abraço!

sexta-feira, 21 de março de 2014

reticências

Passar a vida fugindo parece a saída mais fácil... Simples... sempre na estrada, conhecendo lugares... Não criando vínculos, sempre num recomeço, do zero sempre... Mas porque? Isto está melhorando? Você sente-se o mesmo? Isso facilita alguma coisa para você? Acho que encontrastes alguém a quem culpar... Agora é muito tarde, está noite e precisamos dormir para continuar a fugir amanhã cedo.
Mas sabe, acredito que somos um, mas não a mesma pessoa, e embora o gosto ruim que sinto na boca me faça querer outra coisa, outro sabor, insisto, mesmo que antes o gosto tenha sido doce e sensível, sei que precisamos sentir esse sabor novamente, mas com tudo de cabeça para baixo nos machucamos com isso. Eu poderia facilitar e fugir, ninguém notará a falta daquele menino no fundo da sala, todos riem dele mesmo, ninguém o quis ouvir, exceto você. Fugir não é o melhor agora e por mais que tudo esteja mecânico, que meu coração não esteja batendo em meu peito, eu quero mostrar o quão fluida, linda, leve e simples a vida pode ser... Não somos a mesma pessoa mas nos completamos, e mesmo agora sendo tarde da noite, eu peço para não fugir.


segunda-feira, 17 de março de 2014

caos...

,edadrebil a rartnocne redop oreuQ
.revohc ós ecerap odut ,açebac ahnim ad oãsufnoc an sam ,osnep euq o ralaf ed ,res ed
oreuq uE
.amrof artuo ed ednetne êcov e omur ortuo amot odut sarvalap me otob odnauq sam ,oma et euq rezid
...osufnoc átse oduT
soN
.aicnâtsid a oreuq oãn ,laossepmi o oreuq oãn euq olaf ue e somet euq saçnerefid sad ortned somatelpmoc
!adiv é ,ogoj mu é oãn ,oãN
odaçnava ajes ue zevlaT
!?etnemavon êcov ertnocne ue mim arap siam ocuop mu rahlo ue es ebas meuQ .odibecrep ahnet oãn e odaçnava ajes ue zevlaT
euq ieS
...oralc rezaf em odiugesnoc ahnet oãn ue zevlat e ,ednetne em e ecehnoc em méugnin euq od rohlem ,êcov
.oma uE .êcov rop otnis ue euq od azetrec a ahnet êcov euq oreuq ós ue saM
.átse odut euq me açnugab asse ramurra riugesnoc osicerp óS
...egnol átse odnauq roip acif E .ogimoc recetnoca airedop euq asioc roip a e rohlem a é êcov miS
.soac essen odnazinagro em uotsE ...rednetne rezaf em oãn rop eplucseD
.açebac ahnim an adnia levácifissalcni átse oduT
.soac o moc rabaca a raduja arap etsab otnemitnes esse euQ ojesed E .'otium oma ue' ogid aroh roP

quarta-feira, 12 de março de 2014

Lentes...

Tudo não era como eu estava enxergando. Despi meus olhos das enganosas lentes, para poder perceber a realidade real, não a realidade embaçada que as coisas estavam. Mesmo que eu teimasse em dizer que eu via e sentia o real, era pura enganação, puro conforto. Escondido pelas lentes... "Você adora esse joguinho" Essa palavras pularam para fora da minha boca, sem eu perceber, num rompante tão extremo que lançou as lentes para longe dos olhos. Três letras vieram em resposta, três letras que doíam nos ouvidos como o mais doloroso grito de dor. Sim. Era só um jogo. Casual, ao bel prazer... Eu estava sem lentes, mas sera que ele também estava? Tudo estava sem presença de sentimentos, não de minha parte. Naquele instante tudo clareou-se como um amanhecer. Toda a dor, toda a mentira, toda o egoísmo chocaram-se em meu corpo. Sim. E o que será que foi verdade? Não sou masoquista, odeio sentir dor, e perceber que toda aquela teia teia era tecida com o fio do sofrimento, olhei ao redor, arranquei aqueles fios e queimei-os na fogueira das ilusões perdidas. Alguém que te machuca e faz sofrer não pode querer-te o bem... Seus olhos estavam vazios... não conseguia mais ler seu olhar...
E nas cartas estava prescrito, nos sonhos haviam me dito, e a sagração da profecia fez-se real. Nesta vida não mais juntos, tudo estava perdido. Não foi como nos contos de fadas, ou nos filmes de romance, os mocinhos não terminaram felizes para sempre... Acabou com o 'até que a morte os separe'. E ela separou... Com um golpe certeiro. Meu coração não está mais comigo, minhas memórias confundem-me, e minha cabeça dói... Perdemos. Sim. Essa foi a resposta. E eu com um rio vertendo dos meus olhos fitei analfabeto aquele olhar que minhas memórias teimam em dizer que eu conheço. Não sei mais. A maldição estava concretizada. Quiça em outra vida tenhamos força para acabar com isso... De outra maneira.Você escolheu o 'sim' e eu escolho o 'não'.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Iluminado...

Já faz um certo tempo que as sombras não me assustam mais. Na verdade a luz tem as mantido longe de mim. Embora eu saiba que onde há luz sempre haverá sombra, sei que ela só será grande e me assombrará se assim eu permitir. Tudo depende do ponto de vista, da posição em que eu me colocar. Não pretendo me encolher para deixar a sombra menor, eu já fiz isso e não é legal, porque quando você decide levantar dói. Então manter-me-ei em pé, forte e perto da luz. Espero que essa luz não me cegue e sinceramente desejo que vocês também permitam que essa luz ilumine tudo ao seu redor. 
Que papo mais estranho, esse texto todo parece uma descrição de alguém que morreu ou pior de uma daquelas pessoas que querem convencer as outras que sua religião é melhor. Não é nada disso. Se você quiser parar de ler agora fique a vontade. 
Só estou colocando em palavras algumas vãs constatações que tive por esses dias. Sabe, tudo isso começou quando alguém me perguntou se eu estava amando. Eu respondi que sim, sem pensar muito e retruquei querendo saber o porque da pergunta. A pessoa me disse que era porque eu estava mais 'pra cima' mais 'feliz' 'com uma energia boa'... Eu sorri e disse que realmente eu me sentia assim e que esse motivo era que eu estava amando, a mim mesmo. Eu sei, com certeza alguém já deve ter vomitado com essa ladainha que tô escrevendo... Fato é que essa verbalização me fez enxergar a luz. E eu nem precisei de uma experiência de quase morte para isso! 
Estive quebrado por muito tempo e por várias vezes saboreei o gosto de um solitário suicídio em meu quarto, mas isso não era legal. Então tive a opção de permanecer assim ou mudar, e mudei. Peguei uma faca e toquei carinhosamente meu coração. Patético né?! Bom é isso eu me suicidei. 
Tá é mentira eu não fiz isso até porque esse texto seria "ghost" demais... Dei-me asas, dei-me a chance de amar, dei-me a gota de vida. E agora todo o passado ficou nos recortes de papel guardados nas sombras, porque não posso me livrar dele assim daquilo que fez-me ser o que sou, mesmo que não seja bom nem perfeito (o passado e eu agora) mas estou novo, pronto para provar todos os sabores, com moderação, porque não pretendo engordar... Sem planos... Sem projeções... Iluminado e leve, quem quiser que venha! Putz isso ficou enjoativo, credo, quero dizer sério que alguém leria essa baboseira? Bom só o que é a verdade. Então...

domingo, 2 de março de 2014

Quebra-cabeças...

Num quartinho de ilusões, entre o frio, livros, café, memórias e canções eu acredito finalmente ter enxergado toda a verdade por trás das fotografias. As imagens se acumulam entre o pó da minha casa como um enorme quebra-cabeça inacabado, com peças que não servem... Que não se encaixam. Contemplo esse mosaico que enche tudo em volta e sigo com tempo, com calma buscando perceber como eu posso encaixar as peças... Será que é possível? Como eu não conseguia ver tudo isso antes? Agora está muito mais claro o porque desse joguinho todo. Organizar. Inserir. Entender, sem pressa o porque das coisas e o que sinto. Faltam peças... Será que as joguei fora em algum momento? Não lembro... Hora de varrer o pó para longe, limpar tudo e arejar a casa e quem sabe começar um outro quebra-cabeças? Mais uma xícara de café, sem planos nem expectativas dessa vez. Sem dor também. Encontrei a primeira peça, mas ainda não entendo porque vejo minha imagem nela... Ok, vamos lá então a procura das peças seguintes!

domingo, 26 de janeiro de 2014

Coração com defeito...

Convoquei com urgência uma reunião com meu pai e minha mãe. Na sala de jantar, antes de comermos. Gosto da sala de jantar porque me lembra aquelas salas de reuniões dos filmes americanos. Meus pais haviam achado graça por eu ter enviando um memorando por debaixo da porta do quarto deles esta manhã, em filha sulfite, escrito com caneta preta em letra de forma, para transparecer a seriedade da situação. Ficaram o dia todo sondando para saber qual o motivo de tal convocação e eu simplesmente sorria e falava que na hora certa eles saberiam. Na verdade Fiquei ensaiando o dia todo como eu poderia abordar esse assunto com eles. Não era fácil. Ao contrário do que meu pais, e vocês também, devem estar pensando, não é nenhuma superficialidade, menos ainda alguma besteira. A hora estava próxima, eu sentia um frio na barriga, mas respirei fundo e entrei na sala de reuniões... Jantar. Lá meus pais aguardavam ansiosamente. Sentei-me na extremidade oposta da mesa. Olhei-os por um momento. Era difícil. Como eu poderia falar que estava querendo processá-los? Comecei falando do quanto os amo, e o quanto sou agradecido por tudo que eles fazem por mim, mas que infelizmente, eu precisaria processá-los, ou ligar para o procon para reclamar de um defeito. Um defeito de fabricação. Logo, eles, como meus pais, responsáveis cada um por 50% dos genes que faziam parte de mim só poderiam ser os únicos responsáveis pelos defeitos apresentados. Meu pai, ficou sério, minha mãe sorriu. Silêncio. Se fosse possível colocar uma daquelas músicas que marcam cenas fortes nos filmes, teria sido perfeito. Minha mãe então perguntou o que havia de "defeituoso" no "produto" - eu, no caso. Eu senti meus olhos queimarem com as lágrimas que eu havia escondido por tanto tempo. Trapaceiras! Denunciando-me assim deliberadamente, expondo minha fraqueza em público. Se eu tivesse mais tempo acho que as processaria também! Olhei meus pais, que agora pareciam seriamente preocupados comigo. Respirei entrecortadamente por soluços do choro. Firmando um rosto forte e sério - mesmo lavado por lágrimas comuniquei que meu coração estava com problemas. O coração como todo mundo sabe é o orgão responsável pelo amor, e o meu estava com defeito! Falei que eu olhava meus avós, tios, coleguinhas da escola e principalmente meus pais e conseguia enxergar o amor em seus corações. A forma como eles falavam e cuidavam de mim provava que seu amor era maior do que eles, enquanto, eu inútil, continuava pequeno e oco de amor. Como alguém que é nascido e criado no amor mais puro consegue ser assim, infértil, defeituoso? Eu não consegui amar! Eu quero amar! Quero poder oferecer para o mundo pelo menos uma parcela daquilo que eu recebia, queria ser algo mais. Eu era incapaz de amar. Parecia que tudo ao meu redor era pintado com as cores do amor... E por que eu não conseguia? Eu deveria ter algum defeito, e a culpa é do fabricante, logo meus pais. Era horrível o que eu estava fazendo, mas eu vi no jornal esses dias que quando um produto ou mercadoria apresenta um defeito, devemos requerer nossos direitos. Era isso que eu estava fazendo! Requerendo o direito de amar! De ter um coração capaz de amar. Quando terminei meu discurso ensaiado, olhei meus pais, que se olhavam. Pensei, pronto é agora que eles vão contar que sou adotado pra se safarem e eu terei que arquivar o processo até encontrar os culpados! O que era uma enorme besteira, já que todos diziam que eu era acara da minha mãe... Eles me olharam por um momento. Meu pai me disse o quanto estava impressionado com o que havia acabado de acontecer. Minha mãe disse mais, que essa minha preocupação em poder amar e retribuir ao mundo o amor que eu recebia era muito nobre. Silêncio novamente. Meu pai falou que esse processo ou reclamação não seria possível, porque havia muito amor dentro de mim e minha preocupação provava isso. Mamãe disse que todos os dias quando olho para eles é uma reafirmação de amor, e que eles estavam muito orgulhosos de mim. Papai completou dizendo que eu sou ansioso demais e quero que tudo aconteça depressa, e que eu deveria aprender a dar tempo ao tempo, porque aí sim eu conseguiria perceber o quanto sou capaz de amar. A essa altura, minhas lágrimas haviam parado de rolar pelo meu rosto, e cada palavra dos meus pais me encontrava com uma intensidade enorme. Eu amo! Amo tanto que isso havia me deixado incapaz de perceber. Eu amo! Quero amar mais... Perguntei a eles como eu faria para amar mais? Para distribuir mais amor? Eles me disseram que o tempo ajuda, que eu vou crescer e amadurecer... Me falaram que eu provavelmente vou me machucar, porque às vezes o amor dói - acho que descobri isso cedo - mas que eu deveria continuar assim como eu era, para nunca deixar meu coração endurecer e se fechar para o amor. Sorri e pedi desculpas por aquilo tudo... Mamãe sorriu e disse que eu não deveria me desculpar por nada e me agradeceu. Perguntei o porque, e ela respondeu, que sou fruto do amor e não haveria forma maior de mostrar que nosso amor é forte e capaz de tudo, do que a preocupação que eu apresentava por querer amar mais. Os dois levantaram e vieram em minha direção, cada um de um lado me deram um beijo na bochecha fazendo sanduíche de 'eu'. Sorri. Mamãe colocou o jantar na mesa, papai lhe deu um beijo. Jantamos. Quando estava em minha cama, pronto para dormir, eu rezei e agradeci por ter nascido do amor e desejei poder entender mais sobre esse sentimento para poder distribui-lo ao mundo. Sou fruto do amor. Adormeci.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Mar...

Era um dia normal de sol, praia e calor. Abri o guarda sol naquele lugar especial especial na praia. Era especial pra mim. Estendi a esteira, peguei meu livro e continuei de onde havia parado minha leitura. Lá pelas tantas, sol apino, decidi que era mais do que justo eu me banhar no mar, mas algo me impedia de ir... Medo?! Não sei... Levantei e fui. Teimoso eu sei. Ao pisar na água, olhei ao redor e não tinham muitas pessoas por perto, nem posto dos salva vidas, e um enorme calafrio percorreu meu corpo. Entrei no mar, a Água estava deliciosa, ondas fortes que aumentavam aquela sensação ruim. Me permiti, boiar, dentro das minhas limitações de nadador e foi ai que tudo se desencadeou. Apaguei desse mundo. Consegui visualizar os detalhes da minha morte. Ela estava ali ao meu lado, não vi nada personificado. Mas sabia que poderia acontecer. A corrente me puxaria, como a praia tinha um solo desnivelado eu logo perderia minha base, senti meu corpo afundando, as tentativas de grito, a água ardendo ao entrar em meus pulmões, as batidas de braços e pernas, em vão, aumentando meu desespero, ondas me jogando para o mais fundo. Logo começariam as cãimbras e o cansaço dominaria. Senti meu corpo flutuando para além da dor, para além do esforço, para além. Tudo se desligava lentamente e eu nada podia fazer, só deixaria que a escuridão a minha volta me dominasse. Tudo se apagou no instante momento em que a onda me fez acordar daquilo. um deja vú de tudo se sucedeu e eu tive a opção de deixar acontecer e seguir seu fluxo, mas alguma coisa, não sei ainda o que ainda, me fez lutar, e eu cansado demais, consegui caminhar, nadar ou seja lá o que eu fiz, até o raso. Não estava com medo, nem assustado. Olhei ao redor, nada. Caminhei de volta à minha esteira, sentei-me e comecei a pensar em tudo que havia acontecido. Desligado de tudo. Desconectado. Deixei minha mente vagar e entender o que eu havia experimentado. Estranho, né?! Deveria ser insolação... Arrumei minhas coisas, marquei a página que havia terminado de ler e decidi ir embora. Sai.