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terça-feira, 31 de julho de 2012

Um dia normal...

          Entro na sala com uma caneca de café, bem forte, nas mãos. Sento em uma poltrona perto da grande janela de vidro que dá para o centro da cidade. Tomo um gole de café. "Droga! Que quente!". É ridículo mas fico respirando feito um cachorrinho ofegante até passar a ardência da queimadura. Estranho esse cinza que desbota o céu, dando a impressão de que vai chover a qualquer momento. Ler talvez seja uma boa saída para mim que estou, como posso dizer? Busco uma forma eufêmica de dizer que estou "de saco cheio!" mas esta me parece o melhor termo mesmo. Enfim... Ler... Mas eu estou tão cansado dessa ladainha de ficção onde o resumo do livro diz: "Tudo que fulana queria era ser uma adolescente normal..." Porra! Onde estão as boas histórias, que te arrebatam por inteiro, que te jogam naquele mundo e te fazem conviver com aquelas personagens? Outra história de vampiros, lobisomens e bruxas, não! Pelo menos se fossem originais, se fossem criativas... Deus! Ok. Talvez eu esteja sendo um tanto quanto radical, mas não consigo deixar de pensar nisso...
          Desisto de ler, levando e olho para fora da janela, percebo que o vidro está embaçado. Me aproximo e levanto lentamente meu dedo na esperança de uma epifania artística e me sagrar como o maior expoente do desenho espontâneo de vidro embaçado da história da arte contemporânea, mas só escrevo meu nome mesmo seguido de uma carinha sorridente. Bloqueio criativo. Odeio. Na minha cabeça eu tenho ideias de desenhos fabulosas, paisagens campestres, mulheres nuas em prados e campinas, cascatas, mas na hora do vamos-ver-senhor-picasso, sai oque? A mesma casinha quadrada, com a mesma árvore e aquelas três flores no canto da folha... Ah... ok estou ficando depressivamente irritado com minha impotência artística. Sinto meu dedo frio do contato com o vidro, percebo as gotículas de água escorrendo por entre as letras rabiscadas na janela e constato que isso é o mais próximo da profissão de artista que eu vou chegar. Suspiro longo e cansado em direção ao meu quarto. Entro, grato pelo aquecedor estar funcionando a pleno vapor. Me sinto de algum modo estranho, muito próximo do verão. Talvez não, eu sei foi um exagero, mas fato é que o quarto está realmente quente a aconchegante. "Droga" se eu não tivesse deixado minha caneca de café na sala, ela seria muito bem vinda agora. Sento em minha cama, ligo a tevê, pulo de canal em canal na esperança de encontrar algo que não sejam bundas cantando, ou pessoas extorquindo até a última gota do sofrimento alheio em prol de pontos a mais no ibope. Mas não tem nada além disso! O jeito é assistir um bom filme ou seriado, acompanhado de uma caneca quentinha de café e outra de chocolate quente e um punhado de guloseimas pra fazer qualquer um engordar e atingir altos índices de açúcar no sangue. Saindo do quarto a contra gosto, por causa do aquecedor e caminho até a cozinha pensando na possibilidade de transferir todo o meu apartamento para dentro do meu quarto por causa do aquecedor. Mas penso que seria mais fácil ter um sistema de aquecimento central no apê. Escolho no armário meticulosamente cada guloseima, cada bombom, doce, que vai corroer lentamente meu corpo como um praga provocando uma morte açucarada. Dou risada. Morte açucarada? Gargalho por pensar nesse termo. Bom na verdade eu só abro o armário e vou pegando tudo que tem pela frente, devolvendo o pacote de macarrão, porque, bem, ele não será de grande serventia estando cru. E eu não vou cozinhar agora! Quero comida fácil. Rápida. Pronta. E penso no porque não ter uma filial de cada fast food que eu amo na minha cozinha. Bem porque isso é insano. E caro. E fabuloso. Vou patentear a ideia... Café, chocolate quente, guloseimas... Volto para meu quarto feliz por entrar em meu caribe particular. Que? O quarto é meu e eu chamo como eu quiser! Meu Caribe! Isso porque ele tá quente, porque do contrário chamaria como eu chamo o restante do apartamento, imenso-cubo-de-gelo-polar.
          Pressinto mais uma noitada daquelas!


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Ele...

Ele sempre via o mundo de uma forma diferente. Ele sempre...
Ele sabia que aquele momento era especial e que merecia um cuidado. Isso faz parte da natureza dele, quem pode julgá-lo?
Então ele correu para dar tempo de fazer tudo da forma como ele havia imaginado. Com muito custo ele conseguiu empacotar o presente da forma como ele havia visto uma vez. Tudo parecia impecável, no seu lugar... As margaridas perfumadas, a cafeteira acabara de passar café, e o céu com um azul profundo que lhe causava arrepios. Por entre as horas que se passavam ele esperava ansioso por descobrir oque lhe fora reservado nessa história toda. Fosse oque fosse. Mas que estivesse ali, como lembrança de algo especial. Ele sempre pensara a vida inteira nos outros, presenteava sem motivos aparentes, surpreendia a todos com um carinho que havia nele. Mas o tempo lhe mostrou que o egoismo está mais presente na vida das pessoas do que o carinho, as pessoas absortas em seus mundinhos pensam nelas mesmas, promovem elas mesmas, fazem para elas mesmas. E ele se entristeceu, e uma dor surgiu em seu peito. E chorou. Mas ninguém poderia secar suas lágrimas porque todos estão muito ocupados ensimesmados...
Esperançoso ele esperou por quem sabe uma surpreendente atitude que lhe mostrasse que ainda havia motivos para acreditar... Seu coração dizendo "bata" a cada bofetão desse sofrimento que ele sentia, a essa solidão que lhe doía as marcas deixadas pela vida como lembrança de que talvez ele devesse aprender a pensar nele mesmo, esquecer do mundo, de tudo e todos. Olhar as vitrines e pensar não em quem ficaria bem ou com quem combinaria, mas sim se ele ficaria bem, se combinasse com ele.
Mas ele não consegue, por mais que as pauladas e bofetadas continuem vindo...
Ele chora por isso, porque não consegue abdicar de quem ele é e do que seus pais lhe ensinaram. E lembra daqueles tantos aniversários, páscoas e natais no qual via a lágrima nos olhos de seus pais que não poderiam  lhe dar um presente, além do amor incondicional... Mas as circunstâncias eram diferentes naquela noite.
Ele desejou outra vida.
Ele desejou uma surpresa.
Ele desejou os dias de criança de volta para quem sabe poder aproveitar mais.
Ele desejou a canção ao invés do silêncio.
Ele por entre as lágrias prometeu não mais sofrer pelo egoismo do mundo.
Olhou-se no espelho... Enxugou o rosto... Sorriu tristonho... E saiu pelo mundo...
Alimentando uma vã esperança de... Não... Ele só saiu mesmo, mais feliz por ser quem ele é.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Olá...



Olá Mundo, espero que me escute e me perdoe o atrevimento de falar a verdade. Aqui está alguém que eu estava com saudades e penso que poderia ser a melhor parte de mim. Estou tentando fazer a coisa certa.
Mas estou cansando de me justificar... Agora há uma guerra entre as vaidades, mas tudo que vejo é meu sonho e eu lutando pelo que sempre quis
Eu estou perdido, na beleza de tudo que eu vejo. O mundo não é tão mau como todos dizem ser... Se todos os homens e mulheres, parassem para compreender isso esperançosamente, o ódio diminuiria e o amor começaria... E os sonhos seriam reais...
Talvez, eu esteja apenas sonhando alto, porque eu estive sempre esperando meu sonho todo esse tempo lutando pelo que sempre quis e sempre soube.
Tudo o que eu não posso ser, é tudo o que eu quero ser e é por isso que eu preciso acreditar em mim.
Mas está difícil...
E estou sozinho...


segunda-feira, 23 de julho de 2012

penso

Quem sabe eu esteja correndo para o caminho errado...
Aos 5 anos você alimentar um sonho, é engraçadinho. Aos15 anos alimentar um sonho é inspirador, para todos. Aos 25 anos é lamentável e preocupante... Não há nada de errado, certo?! Tentativas frustradas, ilusões destruídas. Quem sabe a vida só esteja te mostrando que existem outras possibilidades, e que é melhor você parar de dar murro em ponta de faca... Quem sabe? Existem vários professores excelentes, e eu posso ser um deles... Talvez o resto não seja pra mim, afinal até quando eu vou me enganar?

sexta-feira, 20 de julho de 2012

talvez, às vezes...

às vezes eu gostaria de não me afetar com as palavras... elas me afetam muito, elas tem um significado e um peso muito grande. às vezes eu gostaria de não me importar da forma como me importo com as coisas que me rodeiam, e ter uma vida mas leve... às vezes eu queria ser leve como uma singela melodia, harmoniosamente composta. às vezes eu... acho que não sei mais. pensei que era uma boa pessoa, mas sinto que não. não sou visto. não sou ouvido. não sou percebido. não sou entendido. não. sou.
talvez se eu não me importasse tanto com pequenos gestos... talvez se aquilo que ficou por dizer fosse realmente importante, mas o desinteresse me leva a pensar se é importante para mim... talvez se eu não fosse tão intenso e entregue, às vezes fosse tudo diferente, talvez...
às vezes, talvez...
e se eu parasse de me importar comigo mesmo?
não sei... talvez...
to arrasado, triste, e descrente de... talvez... às vezes...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Escrevendo...

Tomo café para conseguir me aquecer... Faz tanto frio lá fora, que temo, chegue a nevar...
Não me surpreenderia nada, do jeito que o mundo está, neve agora não sera de se estranhar.
Enquanto visto meu blusão de lã, preparo outra xícara de café e pego um livro para ler, percebo que estar sozinho não é tão ruim quanto imaginei.
Mas sinto falta.
Não sei, sozinho eu pude encontrar com uma parte de mim que a muito não conversava, uma parte pequena e que anda rindo à toa pelas ruas da cidade por ter simplesmente comprado alguma coisa... Vaidoso... Feliz pelo pequeno agrado que a tempos não recebia, nem dele nem de ninguém. E caminhou, mesmo no frio, e caminharia mais se pudesse. Percebeu pequenas coisas, atentou-se a outras, repensou fatos... Esse encontro me deixou mais solidário, oque não é estranho porque fui criado assim, mas pela correria da vida, perdeu um pouco disso.
Estou mais sensível...
E [me] sinto diferente das pessoas. Estranho?!
Esperando por mensagens, por ligações, por cartas...
Tomo meu café... O Blusão de lã mostra-se muito mais útil do que esperava... O livro se intensifica e me surpreende...
Sinto falta ainda...



terça-feira, 17 de julho de 2012

Sonho...

Olho tudo que se passa ao redor de mim e nada me cativa, nada me importa... Entre tantos, entre todos... Dizem que você não escolhe o caminho da Arte, Ela escolhe você... E quem disse que seria fácil? Quem acha que é justo? Olho ao redor e ninguém pode me responder. Minha cabeça fervilha de perguntas, de questões que nem eu sei responder, e só me perco ainda mais nesse vazio de estar e ser. Eu sei oque sou, sei oque eu quero, e estou lutando por isso, mas não estou mais com forças, não estou mais armado para essa batalha... Estou cansado... Quase desistindo... Sucumbindo...

Não é justo...
E a consequência é que estou entregando os pontos, sim...
Pelo menos hoje, essa semana quem sabe eu entregue de vez os pontos de declare-me o maior derrotado que existe, o maior fracasso e decepção que já ousou pisar na terra!
Estou sozinho...
Está frio...
Chove...

Hoje não acredito em milagres, nem em anjos nem em mim... Já dizia Pessoa, e se encaixa perfeitamente pra mim: "Não sou nada, não posso querer ser nada. A parte isso tenho em mim todos os sonhos do mundo"
Sonho...

Quem sabe um dia eu me perca em meu sonho, eu fique em sonho, eu esteja em sonho e eu viva o sonho...
Talvez. Enquanto isso...


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Que?...

Que bicho é esse que se tranca na escuridão? Que escuridão é essa que protege o bicho? Dúvidas escuras me acometem ao tentar decifrar esse enigma da esfinge...
"Defira-me! Não vai me decifrar nem me devorar, nunca! Você não quer, você não se importa, você não... Em meio a alegria repentina de viver na claridade que o sol abria, e um toque que jamais sentira, entregue ao abismo, absorto, faço-me visível, e você..."
Que bicho é esse que se torna visível e que apresenta-se assim? E que tem certeza cristalina do que sente, que é levado a outro mundo só por sentir o toque, mas que é despedaçado com a frieza do olhar? Que bicho é esse que adoece, que não é cuidado, e que não entende porque não o entendem?
Quem se importa?
Acho que nem ele mesmo se importa com as coisas...