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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Daqueles gritos na imensidão #14...

Na tentativa de não te escrever, de não gritar nessa imensidão, percebo-me no silêncio ruidoso pois tua lembrança está ainda viva em mim. Percebi ao voltar-me para o vazio que habita dentro de mim, que entre soluçantes gritos, obteve uma resposta ritmada por seu coração e que, pasmo notei, ser também meu coração. Declino do intento de postergar estas cartas pois a saudade é mais forte e venceu a revolta e tristeza em mim. Agarro-me na lembrança dos momentos e por um lampejo consigo me enganar de que tudo esta como antes. E eu ainda estou aqui, me descuidando, ludibriado, no meio de um temporal sem saber se busco abrigo ou me entrego a chuva e viro água. O choro tornou-se sazonal. O que não muda é o arrebatamento atroz que ele trás.  Sinto-me perdido entre pessoas que falam sem se entender, afundadas com merda até o pescoço, reclamando o fato de ninguém estar fazendo nada. Mas como podem reclamar se nem elas estão fazendo nada para sair do atoleiro? Sou uma delas. Até agora pouco era. Estou começando a erguer-me da inércia em busca do movimento libertador. Da direção. E sigo. Pequenos passos vacilantes na dança viva que pulsa em mim. Vibro. Ou será que estou tremendo? Será por causa da chuva? Existem muitas interrogações em minha cabeça, mas o que é a vida senão uma série delas? Tua ausência... Não gosto dessa palavra, pois para mim ela é deveras severa. Recomeço. Tua " não presença"... Parece que nada que eu escrevo consegue amainar tua partida, até porque com ela levaste meu riso. Espera, vou mudar o rumo disso... Já começou a primavera, sabia? Gosto dessa estação do ano onde toda tristeza e frieza se converte em flor. Florescer.  Espero florescer transformando toda essa dor e tristeza em belos lírios amarelos. Tento cultivar-me. Penso ter voltado a fase das tentativas. Assim como tentei encontrar tua presença seguindo a receita do seu bolo de fubá... Cheguei perto. Era quase real. Será que conseguiste sentir o cheiro do bolo aí da casa das estrelas? Ou será que conseguistes me assistir nos palcos daí? Acredito que sim
e isso me basta por hora.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Daqueles gritos na imensidão #13...

Por necessidade, por medo talvez, resignei-me a clausura egoísta do silêncio. Não foi somente contigo que deixei de falar. O fiz por estar incomensuravelmente farto das banalidades rotineiras do calendário. Todavia, ficar no silêncio eterno seria ruim, principalmente comigo. Gosto de fazer-me companhia. E isso me animou. Muita gente tem se mudado aí para a casa das estrela. Dizem que a terra está passando por momentos espirituais difíceis e que os bons estão indo. Verdade, já partistes. Não sei se isso é bom, mas acho que vou demorar por aqui. Bom ou mau? Equilíbrio inclinado para bom. Tento. Por vezes me pego a chover. Chovo várias vezes na verdade. E ninguém me entende, nem eu mesmo pois era através de suas palavras e seus olhos que percebia-me poema e reconhecia-me. Todos os dias vejo seu retrato e ainda sinto-te ao alcance da mão. E dói. Como sempre dói. E como sempre vai doer. Chove.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Daqueles gritos na imensidão #12...

Tenho repetido para mim mesmo que tudo vai ficar bem... Tantas vezes que já perdeu o sentido. Evitei por todo esse tempo te escrever, porém, em sonhos me lembras de que preciso mandar notícias. Sonho com a senhora e acordo com a sensação do seu abraço. Esses dias foram difíceis, muitas coisas ruins acontecendo e poucas boas para aliviar. Não entendo os porquês da vida, mas procuro fazer o bem e me manter equilibrado. Mas como suportar a jornada sem motivação? Como suportar o jogo entre eu e o mundo? Como falar meu texto se na plateia todos estão surdos?
Me sinto assim, como se a luz no palco estivesse apagando sobre mim, enquanto eu aos berros grito enquanto a plateia permanece absorta sem me ouvir. Me resta gritar na imensidão, porque sei que vais me ouvir. Não sou ouvido. Não sou levado à sério. Não se importam se eu estou sangrando. Em contra posição, o resto do mundo é ouvido, louvado e cultuado com fenética adoração.
Estou cansado de estar errado.
Será que nunca acertei?
Esses dias ouvi a frase "morrer é despedir-se dos outros. Viver é despedir-se de si todos os dias." E tenho me despedido... Todos os dias... E a cada minuto me sinto mais distante de ti e de mim e isso tem sido torturante. Mas talvez eu esteja me supervalorizando. Talvez eu esteja criando expectativas sobre mim, quando na verdade eu devo ser esse grande monte de nada.
Desde que partistes, levastes contigo a minha graça, a minha alegria, não por egoísmo, mas por seres aquela de onde tudo nascia, a musa que alimentava aquilo que talvez fosse arte em mim. Estou em ruínas... Parei de esconder meu choro, hoje eu me escondo para deixar chorar, para escoar essa dor que só cresce... Chove dos meus olhos o restinho de esperança cultivado no solo infértil do meu peito. Chuva fina e solene. E essa tem sido a rotina por essas terras... E a chuva vai continuar até que o sol volte luminoso e quente secando cada pedacinho de mim

sábado, 26 de março de 2016

Daqueles gritos na imensidão #11...

"RESPIRA" eu digo a mim mesmo... tento desvencilhar os pensamentos de minha cabeça, mas é totalmente inútil. Se pensar é doloroso, não pensar dói da mesma forma. Os outros me vêem de uma forma, sem perceber o que está por dentro. Aprendi com o passar dos anos a disfarçar muito bem meus sentimentos e dores. Existe uma bruma em minha cabeça e uma pedra ocupando o lugar vazio em meu peito. Está se tornando intolerável existir. Pior do que me sentir distante de ti, é estar distante de mim. Onde sou? Porque sou? E nada faz sentido, mas tudo é muito mais sentido. Paradoxos de uma vida.
Quando dói demais, canto, ou danço, quando dói demais, eu choro...
Quando eu choro, entrego-me ao sentimento e me transformo em água, escoando por todos cantos de mim, até que as águas se acalmem.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Daqueles gritos na imensidão #10...

Falta-me o ar... Falta-me a força... Falta...
O ser humano tem em si a solidão. Somos um agrupamento de células que compõem o corpo. Somos muitas vezes um agrupamento de pessoas... Mas nunca deixamos de ser "solidão". Em alguns momentos conseguimos dosar para encontrar um equilíbrio, uma harmonia com o meio. Estou muito "solidão" hoje. Parece que eu sou pouco confiável para conversas profundas ou fatos corriqueiros. Estou sentindo-me próximo ao que Marilyn Monroe sentiu... "Eu gosto de conversar. (pausa) As pessoas não conversam o suficiente, ou então falam demais. Elas não escutam." E o que acontece depois com ela? Morre. Sozinha em seu quarto. Eu não quero morrer. Mas confesso que é uma ideia tentadora. Quem sabe em outro tempo eu consiga fazer ou ser diferente.
Essa semana me deparei com alguns dos muitos obstáculos que terei que superar, e o ano nem bem começou. Essa semana também revisitei memórias de um diário escrito a muito tempo e percebi que existem fatores constantes em minha vida. A solidão é um desses fatores. Além disso, a capacidade de adaptação e a renovação também. Características de vidas passadas?
Estou triste. Sinto saudades. Gostaria de ter a certeza de que estás ao alcance da mão, mas só te encontro em minhas memórias e dentro do meu coração.
Desculpe essas palavras escassas, mas não tenho força, nem vontade de escrever mais. Não se preocupe, eu ficarei bem...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Daqueles gritos na imensidão #9...

O apego não quer ir embora. Acordo todos os dias e sinto como se pudéssemos nos falar, como se estivesses ao alcance da mão. Porque tem que ser assim? Das mil venturas que aconteceram nesse início de ano, nenhuma delas consegue tirar-me essa sensação ruim que mora em meu peito. Meu corpo reage de forma severa a tudo isso. Preocupo-me não comigo, mas nos poucos que me amam. Deves ter pensado isso. Não ouso pensar em coisas tristes. Busco regar meu dia com sonhos e planos e promessas que desejo cumprir. Mas a carência aumenta e não dou conta de me nutrir. Hoje, assim como alguns de meus dias, desempenho minhas funções no automático, fazendo por fazer, mas porque sei que é o melhor nesse momento. O mundo ao meu redor se abre como uma feroz montanha russa onde as pessoas só parecem mais fechadas e egoístas. Fácil reclamar. Difícil mudar. Fácil destruir. Difícil construir. Muito não e pouco sim. Seria tão mais fácil se todos tivessem consciência de que devemos pensar macro, mas agir micro. É aos poucos que as coisas mudam. Passo por passo. Etapa por etapa. Quando mudamos rápido demais, não conseguimos nos adaptar. Adaptação. Palavra rotineira na minha vida. Adaptando-me sempre, como um camaleão que se camufla e nunca perde sua essência. Mas sou mesmo um camaleão? Busco agora entender a minha essência. Adaptar-me virou rotina, enquanto busco encontrar a minha essência. Aprendi a falar um pouco sobre o que sinto, só não consigo me fazer entender. Preciso aprender a expressar-me melhor? Estou errado naquilo que penso e almejo? Nada tem sido o bastante. Estou entrando num outro processo de anulação. Mas se eu tento mostrar minha opinião, dizem-me que estou errado, de forma ríspida, ou ainda dizem que sou insensível e egoísta. Será que sou mesmo? Justo eu que a vida toda fez o possível para agradar a todos... Será que me permiti tanto assim entrar nesse buraco de anulação que as pessoas não conseguem me ver? Me sinto um anti-herói, um antagonista de mim mesmo, carrasco e condenado... E essas coisa que venho sentindo? O que será  que isso quer dizer? Precisava ouvir o que tens a dizer. Precisava de conforto, pois não encontro conforto dentro de mim. Ontem vi uma imagem que dizia: "Onde estão teus sonhos?" "abandonei-os por um emprego estável" e isso me fez pensar muito. Estou dando as últimas cartadas em busca do meu sonho, mas temo o momento em que as cartas terminarem. Camalear novamente? Não sei...
Sinto sua falta.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Daqueles gritos na imensidão #8...

Feliz (?) Ano novo...
E eu estou aqui, nesse exato momento, me sentindo completamente exposto. Deves saber a dificuldade dos meus dias e o quanto tenho me esforçado para seguir adiante. Agora com todas a verdades não mais secretas, expondo-me de uma forma assustadora e culposa ao mundo. A ideia de que o mundo seria um lugar mais leve para se estar, deu lugar a um peso muito grande. Estou todos os dias correndo atrás de pequenas coisas que possam aliviar esse momento. Corro... Fortaleço meu corpo para conseguir ser capaz de carregar o mundo sozinho, pois é isso que sempre fiz. Carrego nos braços o peso de uma enorme culpa, de uma dor incomensurável juntamente com uma vida que nunca foi minha. Eu mudo. Eu calo. Eu só. Estou lutando, deves saber, mas é muito difícil, ainda mais quando não consigo reconhecer a pessoa diante de mim nos espelhos casuais. Em quem posso confiar? Quem é aliado? Tenho dormido mal e por conseguinte sou assolado constantemente por sonhos ruins onde a trama gira em torno da minha morte. Prelúdios de alforria? Espero que sim. Mas por hora, não me dedico a pensamentos complexos. Dedico-me a árdua tarefa de reconstruir o quebra cabeça de mim, juntando parte por parte, buscando elos, ligações, acertos. Quando me canso, largo gordas lágrimas debaixo do chuveiro, cansado demais para mascarar a mim mesmo o caos de tudo... Sei que fiquei muito tempo sem contato. Sei que minhas palavras parecem pesadas e densas, porém é assim que me sinto. E contigo posso ser eu mesmo. Sem medos. Ano novo? Ano de arriscar. Estou arriscando. Ano de reafirmar minha fé. Reafirmo. Ano de ser feliz... Desejo.
Quando esse vazio vai ser preenchido? Quando vou encontrar sentido? Quando poderei ser eu mesmo sem me apagar pelos outros?