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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Livro...

Era um dia corriqueiro, ela havia acordado com sua rinite atacada porém com uma cor de cabeça aguda que lhe fez ficar ranzinza logo ao acordar. Ela decide que apesar de tudo, da chuva que caia, seria bom levantar... "Espera aí... Chuva?!" Pois é, ela nem poderia ir à praia, sentar na areia e ler o livro que lhe acompanhava esta semana. Fez o café, bebericou preguiçosamente enquanto se as notícias lentas da manhã lhe atravessavam. Levantar, para ela, era ruim porque uma tontura incomum aparecia. Resolveu navegar pela internet para ouvir um pouco de música, mas a sugestão de músicas que o site apresentava parecia ter sido colocada ali para deixar ela nostálgica. E assim ela ficou. Saiu para ler quando a chuva passou, mas as palavras do seu livro pareciam estar escritas ali com o propósito de fazê-la lembrar. Voltou para casa, tomou mais um café. A cabeça ainda doía muito. Ela decidiu assumir que o restante do dia seria de neutralidade, que tudo que a atingisse não a afetaria. E segui assim. Mesmo as músicas daquela cantora estrangeira, não estavam nem chegando perto de seu intelecto para motivar uma memória emotiva. E nem queria. Mas quando aquela música, aquela que ela nunca mais ouviu, resolveu tocar, seu impulso foi de desligar o som. E assim o fez. Era noite já e ela decidiu que um bom banho frio ajudaria a esfriar o que quer que estivesse para surgir ali. Refrescada, sentou no sofá, jantou e zapeou os canais na TV. Estava tranquila, até sorriu com alguns programas que passaram, mas então... Em um dos canais estava passando um filme que lhe provocava uma dolorosa lembrança. Ela não conseguia se mexer. Seu rosto estava molhado enquanto ela assistia a cena muda que se passava. Nada mais existia a sua volta. Ela, que tentara fugir o dia todo daquelas memórias, estava agora submersa naquele mar. Só voltou a si quando soluços sacudiram seu corpo. "E o livro?" pensou ela. Todo livro merece um fim, mesmo que não seja o esperado. Ela sabia que não era como todos diziam "Deus é o roteirista da vida, ele tem nosso destino traçado... Ele escreve certo por linhas tortas." Bobagem, isso contradiz a ideia de livre arbítrio. Ela sabia que cada um é roteirista da sua própria vida. Pensando assim, ela sabia que mesmo doendo muito, ela poderia terminar para começar novamente. Entregou-se a melancolia, desejando logo poder escrever, ou ler um bom livro, ou tomar seu café em um lugar como o vale das cachoeiras.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Metas...

Sem medo, sem se importar com o que os outros estão pensando. Faço o que gosto, faço o que amo. Rio do passado e o abandono nesse caminho, não posso carregar muitas bagagens, preciso estar leve. Tudo que vivi está marcado em meu corpo. Estou tentando viver sem projetar planos. Quero que aconteça no tempo que devem acontecer, porém não vou esperar sentando, só não quero sofrer por antecipação, quero aproveitar cada segundo das coisas que eu conquistar. Tenho na cabeça ideias e muitos sonhos e vou aprender a enumerar as minhas prioridades. Por mais que esteja difícil, vou sempre continuar vendo um lado bom para as coisas, sim sou otimista, e todos deveriam ser. Estarei mais pé no chão, mais atento. Preciso aprender a falar as coisas que eu penso e sinto, por mais que a vida inteira eu tenha me protegido dentro de mim, isso agora está me fazendo mal, porque não estou mais cabendo dentro de mim. Falarei mais. Quando falar não bastar, vou escrever, se não adiantar, vou cantar e se isso não bastar, dançarei. Serei mais arte! Mais eu! Preciso me apaixonar novamente por mim mesmo, aprender a me amar para assim poder distribuir amor. Pois bem... São desejos e metas que quero cumprir nesse novo ano. Defino cada passo. Respiro novamente e desafio a gravidade. Feliz ano novo.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Natal?

O fim de ano deixa cada pessoa mais, burra, mais sem educação, mais sem noção. Sim senhoras e senhores bem vindos ao espírito natalino e todo aquele blá blá blá que todo mundo fala da boca pra fora por pura convenção social. Viva! Boa parte da humanidade perdeu o sentido e o espírito de natal, independente de religiosidade, raça ou cor; cada vez mais os sentimentos são substituídos por genéricos passageiros, formas mais rasas de sentir e viver, intensificando somente o que fomentar seu ego. Triste, né?! Pois é... "Então é Natal, e o que você fez?" O que queres? Eu só queria meu presente de natal, já que eu sei que fui um bom menino, que fiz muitas coisas certas e boas, porém sei que isso não acontecerá. Eu sinceramente ainda acredito em Papai Noel, você pode até estar rindo ou me achando louco, mas, sim eu acredito! Não nas histórias de ele descer pela chaminé e chefiar uma multinacional de brinquedos no polo norte. O verdadeiro Papai Noel, quando era vivo, era um bom velhinho que ajudava os outros sem pensar em recompensa. (Será que ele ganhava o que queria no natal?)Saudades de pessoas que ajudam quem precisa sem pensar no retorno que isso pode dar. Lógico que você fazendo o bem, o universo retribui com bem... Pessoas boas assim estão em extinção. Enquanto isso eu fico esperando...

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Dia...

Fazia tempo que ele não experimentava o calor do sol em sua pele. Ele que morava na cidade cinzenta, desacostumara de sentir calor. Caminhou até as franjas do mar, sentou-se na areia branca, admirando a calmaria e os pequenos projetos de ondas que chegavam até seus pés. Respirou aquela poesia presente no ar, talvez seja a magia dessas terras ou somente maresia e poluição. Mas feliz por estar ali, sentou-se. Em suas mãos trazia um livro, seu companheiro de viagem. Enquanto ele absorvia a energia daquele lugar, viajava para outro acompanhado de seu livro. Tudo parecia estar no lugar. Mas não estava. Começou a sentir algo estranho, que o tirara de sua viagem, olhou ao seu redor e percebeu que o sol havia se escondido e agora água caía fina do céu. Isso o deixou triste, mas ao perceber que essa água caia somente em um pedaço daquelas terras, conseguiu admirar a beleza daquele momento e entendeu que era para ser assim e se a água caía ali, era por algum motivo. Ele, então, deixou-se lavar. Levantou e caminhou, passos leves e calmos por entre as franjas do mar, saboreando cada momento.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Bilhete...

Quando você ler este bilhete, se você ler esse bilhete, eu estarei a caminho de algum lugar, perdido na rodoviária, ou na estrada a caminho das franjas do mar. Não tenho certeza como isso aconteceu, mas desde que você decidiu secar, tudo tem sido mais difícil por aqui, você sabe bem disso. Pressinto o inevitável, mesmo com todos os avisos dos amigos, desejando que seja, somente uma fase... E é... Terminal, mas é uma fase. Irônico isso tudo que aconteceu, eu sempre me senti, um, quando na verdade não era. Desde que quebrei, um outro eu surgiu, alguém que em outra circunstância eu não gostaria, mas foi... Nascido da tentativa de segurar esse aborto de vida, por entre as águas primaveris, com um lado tão escuro quanto a noite. Não quero mostrar meu lado escuro, porque lá estão todas as memórias, sensações e eu. Não quero olhar para lá, mas sei de sua existência. Herança de mim. Abro mão, deixo ou deixei-me morrer por que a fragilidade e sentimentos intensos me levaram para esse rumo. Sem falar naquela sua mania de lembrar de tudo feito um gravador... Sei que foi o melhor para nós que eu morresse, assim, eu pararia de gravitar na órbita de mim mesmo. Quem sabe eu tenha espaço para ser totalmente, principalmente agora que existe um enorme espaço vazio em mim. Vou preenche-lo com palavras, porque gosto delas... As palavras, quando me faltarem, transformarei em canção e cantarei, a plenos pulmões tudo que preciso naquele momento. Mas se a música estiver encalacrada na garganta, então por não conseguir cantar, dançarei! Explodindo em movimento no afã de viver para sempre, de saltar sem medo, cair e me erguer forte, e se isso não me preencher, vou deixar como está até que algo cresça no lugar, quiçá minha flor... Minhas malas prontas, cheias de memórias, roupas e livros, sem nenhum plano, roteiro ou sentimento. Agradeço por que finalmente eu posso, quem sabe, descansar e voltar para casa, para me ver. Preciso ir agora...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Luz...

Seus olhos estavam fechados, estava escuro e silencioso. sentia o ar se mover a sua volta, talvez fosse seu corpo em movimento por algum motivo. movimentos no vazio, buscando a luz, assim como um girassol. Lançado no movimento vazio da solidão seu corpo se preencheu de um sentimento ruim, raivoso. Relampejava, chovia dentro dele e essa chuva lavou a raiva deixando somente a pena guiar seus movimentos. Relâmpagos iluminavam seu caminho, sua respiração entrecortada ansiava por um novo ar. Resolveu caminhar para por as ideias em ordem, mas como caminhar de olhos fechados? Deu com a cara na parede. Doeu. Forçou abrir seus olhos e tentar enxergar. Viu uma porta e caminhou até ela. Fechou-a. Despiu-se de toda e qualquer roupa, sapato e mágoa. Trancou tudo isso atrás daquela porta e voltou a tatear incertos passos no escuro. Tudo era sem graça, e o tempo demorava a passar. Chegou a uma janela, olhos e janela abertos, avistou um céu cinza e triste. Mas ao longe havia um raio de sol que iluminou seus olhos e a chuva que caia dentro dele formou um arco iris colorindo sua visão. Sabia que existia um mundo de outra cor, bem ali. Subiu na janela e viu o enorme penhasco a sua frente, sem pensar saltou para o infinito, para o vazio no afã de encontrar o que quer que tenha depois do arco iris. Enquanto caia, sentia o vento acariciar sua pele. Abriu os braços como se fossem asas, tentando abraçar tudo que pudesse, tentando abraçar a imensidão. Com os olhos abertos, deixou para trás rastros de lágrimas, brilhantes como estrelas e um novo ar inflou seus pulmões e seu corpo, no torpor de ter encontrado algo que buscava foi tomado por uma amor tão grande que nem sentiu quando seu corpo encontrou as pedras no fim do penhasco. Escutou então uma melodia acelerada vinda de seu coração, sim ele ainda estava ali. Avistou o amanhecer, e o arco iris se abriu no céu, revelando um lugar bem feliz onde tristeza não há. Tudo, então se tornou luz.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Mentira...

Minha mãe sempre me ensinou que devemos sempre falar a verdade, por mais que doa. Mentir é pior, porque quando você descobre a verdade, fica magoado, triste, decepcionado e isso dói mais do que a verdade. Pois então mamãe, lamento informar mas às vezes mentir é melhor do que falar a verdade. Tem momentos em que falar a verdade te dilacera de uma forma tão intensa que você precisa se esconder atrás de uma mentira para poder suportar continuar, mesmo que ela doa por mais tempo, é uma dor mais amena.
Talvez seja covardia, mas o que se pode fazer? Não suporto mais a verdade, porque ela me machuca e ninguém toma nenhuma atitude em relação a isso. Estou cansado de tanto me machucar, cansado de sofrer e a impressão que tenho é que falando a verdade ou não machuca do mesmo jeito, então tenho que escolher o que machuca menos.
Me vesti com a minha melhor máscara, com todos os adornos exuberantes, amordacei meu coração e as lágrimas que teimaram em querer sair. Será que isso era o certo? Menti. A atuação mais dolorosa de todas. Quase fraquejei, maldito coração que teimou em querer gritar.
Atirei-me no vazio, atirei-me nessa sombra que me tornei, para buscar a luz, porque se há tamanha sombra, deve haver luz em algum lugar. Esta doendo ainda.
Procuro um abrigo.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Amor...

Certa vez, Afrodite estava preocupada com a morte do amor entre os humanos, que viviam em um mundo onde crescia o egoísmo e a ganância. Ela sabia que todos esses sentimentos - bons e ruins - conviviam entre a humanidade e que caberia a cada um fazer suas escolhas, porém cada vez mais a opção ruim foi crescendo, abalando o equilíbrio da humanidade. Todos começaram a matar para conseguir coisas em proveito próprio e os que não tinham uma opinião formada, sucumbiam àqueles que eram mais astutos, fazendo-os lutar por ideais que não eram deles. Afrodite preocupada com o caminho de autodestruição em que a humanidade caminhava, foi pedir ajuda a sua irmã Atena. Sempre sábia, Atena lembrou sua amada irmã que essa era uma opção da humanidade e que ninguém poderia intervir no livre arbítrio. Elas conversaram por horas, até que Atena comovida pela irmã, conseguiu chegar a uma possível solução. Atena lembrou-lhe que ela não poderia interferir diretamente, mas que poderia influenciar a humanidade, relembrando-os daquilo que eles haviam perdido. Afrodite feliz com brecha encontrada por Atena, pôs-se a pensar no que ela poderia fazer. Foi então que ela decidiu criar duas criaturas, nascidas do amor para que pudessem assim disseminar esse sentimento pela terra. Fez nascer então por entre a neblina de verão dois seres feitos de amor,. Eles cresceram por entre os bosques primaveris banhados pelas águas de inverno, tendo o amor como alimento, fortalecidos pelo laço que os unia. Afrodite contou da tarefa que ambos tinham e soltou-os no mundo para que pudessem tentar ajudar a humanidade. Eles seguiram juntos, com seu amor inabalável, cativando aqueles que por eles passavam. Tocando a alma das pessoas. Porém, algo não estava dando certo, algo que nem Afrodite nem Atena estavam contando. A vida consumia lentamente aqueles seres e ambos acabaram se corrompendo durante sua jornada. Corações feridos, almas dilaceradas... Consumidos por tentarem viver o amor em meio a um mundo de maldades e descrenças. O laço estava desfeito. As luzes da cidade os cegaram e ambos se perderam no caminho. Seguiram direções opostas, sendo feridos e experimentando os sentimentos soltos no mundo. Perdidos, procurando por alguma coisa que não sabiam o que era... Afrodite não podia fazer nada, Atena não conseguia pensar em como poderia ajudar. As duas deusas tentaram diversas formas de fazer com que ambos se encontrassem novamente... Até que um dia, casualmente eles se encontraram. Mas não se reconheceram. O tempo havia passado e o ontem havia sido o momento de suas vidas, as lembranças daqueles dias de glória turvaram os olhos de ambos que traziam no corpo cicatrizes amargas e algumas histórias na mochila... Tamanha foi a intensidade do encontro que a energia gerada fez com que o laço que os unia voltasse mais forte do que antes... Nada se comparava a aquele olhar que eles trocaram, nenhuma preocupação, nenhum medo ou cuidado, todos os erros e arrependimentos ficaram guardados na memória, afinal ninguém poderia adivinhar esse gosto amargo que isso teria. Afrodite desejou voltar no tempo para que aquelas duas almas criadas para o amor não tivessem sofrido tanto, mas isso era impossível, até mesmo para uma deusa como ela. Eles se olharam por muito tempo, se reconhecendo um no olhar do outro, aproximando-se em silêncio suas mãos se encontraram. Suas almas transbordavam com aquele contato puro e seus lábios se encontraram finalmente, produzindo tamanha luminosidade que nem Afrodite foi capaz de enxergar. Então ambos amantes redescobertos foram consumidos pelo amor que os criou e que tanto eles buscavam. Suas almas fundiram-se em uma. Afrodite então, comovida com tamanho amor, levou essas almas, agora uma, para o céu, mantendo-a perto, dando-lhe o nome de Neith a misteriosa lua de Vênus. Afrodite pensou que seu intento tinha sido em vão, porém a semente plantada por esses amantes por onde eles passaram germinou forte, e o amor voltou a mostrar sua força. Ela ficou feliz por saber que tudo que fizeram não foi em vão. O amor ainda tem força.

(aspirações literárias não totalmente reprimidas)

domingo, 10 de novembro de 2013

12:41pm

Era uma vez um menino...
Porque esse celular teima em despertar quando eu estou tão cansado. Tudo que eu queria era dormir mais um pouco... Mas ele não deixa. Me animo com o desejo de uma bela e grande xícara de café com leite, algumas torradas e uma fatia de melão que preparo para meu café da manhã. Quem diria que um dia eu comeria tanto assim, de manhã. Sorrio ao me olhar no espelho do banheiro, vejo alguém diferente refletido... Rosto ingênuo e com espuma branca espalhada ao redor da boca. Raiva? Não creme dental. Escovo os dentes, enxáguo a boca deixando a raiva mentolada escorrer ralo abaixo. Examino meu olhos, hoje mais esverdeados do que o habitual. O cabelo tá horrível, mas não vou me importar com isso. Como em um musical da disney, preparo meu café cantando, imaginando pássaros, coelhos e esquilos me ajudarem com os afazeres matinais. Que loucura.
Depois do café tento arrumar meu quarto, e vou conferir meus e-mails pelo celular e reparo na data. Nem parece que hoje é hoje. Será que passou tão rápido assim? Me sinto em uma montanha russa, bem na hora da descida rápida. Não é legal, é nauseante perceber tudo assim de uma vez. Me sinto com várias toneladas, quando na realidade eu perdi 3 quilos em duas semanas. Nossa, eu perdi 3 quilos? Gente... Preciso ver isso, não deve ser normal...
Visto uma roupa confortável, que combine com minha alpargata preta de sola amarela. Gosto dela. Coloco a mochila nas costas decidido a seguir meu dia normalmente, preparado para minhas aulas e ensaios. Abro a janela do meu quarto e vejo o lindo dia de sol, presente pra mim? Quanta pretensão...
Saio do apartamento, tranco a porta e sigo pela rua, cantarolando as músicas que ouço em meu fone de ouvidos, as pessoas me olham, umas espantadas, outras com sorrisos no rosto, outras não estão nem aí. Ando.
O dia segue. Passo pela rua que me traz várias memórias, agora é difícil focar nelas, parece que estão se perdendo.
Ensaios, aulas...
12:41...
Estou parado na padaria, pagando por um bolinho confeitado. Saio de lá, sento em um banco no parque, perto de uma árvore de flores amarelas, seguro o bolinho entre as mãos, encaro a velinha acesa, repensando tudo que se passou, agradecendo e desejando outras tantas coisas. Com os olhos fechados canto baixinho para mim, meu celular vibra no bolso, sorrio. Ela jamais esqueceria, nem deixaria passar em branco. Falo com mamãe, lágrimas teimosas decidem sair de meus olhos. Desligo o telefone. Sopro a velinha ao mesmo tempo em que o vento sopra forte.
Dou uma mordida forte e gulosa no bolinho. E sigo com meu dia.
Não mereço parabéns por nada, na verdade.
Ensaio mais... Aulas mais...
Chego a noite em casa. Preparo mais uma xícara de café e sento na janela do meu quarto observando que o mundo segue seu curso... Respiro e o aroma do café me anima.
Decido reescrever.
Começo então...
Era uma vez um menino que gostava de amarelo...

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Através do Espelho...

Parado diante de um espelho? O que você vê?
Você se reconhece?
Quem está do outro lado do vidro?
Será que você abriu seus olhos o bastante para perceber as coisas boas? Ou somente se contenta em sustentar seu fracasso como forma de auto destruição?
O mundo já está em movimento, e você quando nasce pega literalmente o bonde andando. Nos adaptamos, corremos atrás, nos doamos e vivemos cada dia como se ele fosse o último. Enquanto isso você faz o que?
Não pense que se colocar de castigo no canto da sala vai lhe ajudar. Seu pior inimigo é você mesmo. Seu maior aliado é você mesmo. Cabe a você decidir qual lado ouvir, mas lembre-se que todas as suas escolhas acarretam uma centena de consequências e você deve estar preparado para cada uma delas. De cabeça erguida, peito aberto.
Olha no espelho e me diz, o que você vê?
Destruir-se não é a melhor escolha, por que com você outras pessoas serão machucadas também.
Opte pelo caminho que menos vai doer.
Sim porque a vida dói e as vezes a gente sangra pra saber que está vivo e não se perder em um mundo de sonhos e ilusões. Você tem o mundo em suas mãos, todas as possibilidades, então não pense que você não tem nada.
Então levanta, vai mostrar ao mundo o por que você está aqui, contaminando as pessoas com sua bela energia e cativando as pessoas com esse sorriso sincero. Mexa-se!
E aí? Quem é esse do outro lado?

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Partir...

Não sei bem ao certo o porque da mensagem trazida por esse vento... Não sou muito bom em decifrar as mensagens, sou bom em sentir... E o sentimento trazido por esse vento é...
Pois é...
Soprou determinado fazendo meus cabelos dançarem a liberdade que tanto meu corpo e espírito procuram. E quando dei por mim dançava na rua por entre os olhares acinzentados das pessoas petrificadas de concreto. Eu sou movimento! Sou cor, sou voz.
Era exatamente isso que o vento me dizia... Tinha me esquecido.
Sou como a esfinge, mas você provavelmente não vai querer me decifrar...
Chegou a hora de partir.
Será uma longa viagem, por novos lugares, novas luzes, novas cores, e quiçá seja fértil esse porvir. Será!
Sim, eu tenho medo, mas pretendo guardá-lo na caixinha secreta que deixo debaixo da minha cama junto com tudo aquilo que não me faz tanto bem. Guardo perto de mim para lembrar-me do que passei, para me dar força propulsora para seguir viajem quando o vento sopra. Guardo na memória os momentos bons, os laços, e deixo um pedacinho de mim para aqueles que me cativaram.
Sou loucura. Tenho amor.
Guarde esse pedaço de mim e lembre-se de mim com carinho toda vez que ver uma margarida. Quando sentir a brisa suave, pense que sou eu soprando seu rosto, e quando aquela música tocar, aquela mesmo, sinta minha voz a plenos pulmões cantando-a à você.
Sou assim, sentimento e prosa, tristeza e sorriso.
Chegou a hora de eu partir, e não demora, eu irei. Seguindo o vento.
(KAGB)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Volta...

Não demora, eu vou estar de volta, porque voltar sempre acaba sendo a melhor saída, o melhor caminho, a minha certeza. Às vezes, me sinto preso em um labirinto e sempre acabo encontrando aquilo de que eu tanto fugir. Não demora. Como se algo estivesse errado, como se o curso escolhido pudesse ter outro desfecho, como se...  E se? E se a bela adormecida tivesse escolhido dormir o máximo pra poder ficar acordada o resto da vida? Se o João tivesse deixado uma trilha de pão propositadamente, pra não ter de voltar para casa com sua irmã? Acho que tudo no mundo é um grande ‘e se?’.
Não sou pessimista ou um daqueles fatalistas, menos ainda um desses filósofos de banheiro, só pondero os fatos, peso, repeso, analiso custo e benefício. Vale mesmo a pena fugir disso? Se quanto mais eu corro, mais eu me aproximo de... Não demora muito...
Quiçá outra escolha, outra forma, outro, outra... Estou me aproximando novamente, e isso é comum... Meus dias tem sido iguais, numa rotina frenética de correr, cair, voltar, falar... Verbos não conjugados, no infinitivo, e que pela ideia de infinito me assustam com essa constância de re – viver, fazer, descobrir – E Hoje eu só queria sair, só, fugir de mim um pouco... E não demora!
Luz acesa... Talvez por medo, talvez por querer enxergar... Mas oque? Não sei, mas parece que vai chover... Sempre achei que seria diferente, mas quando chove sempre chove parecido... E o cheirinho do café e o bolo no forno... Fecho os olhos, mas é escuro... Luz acesa... Saudade daquela voz que me convidava ao café, do sorriso e da cumplicidade das conversas na mesa... Hoje eu só queria que a chuva fosse diferente, queria sair só... Sair pra chover, pra cantar, pra ser intenso... Me seguir pode não ser algo bom a fazer, porque, dizem que eu não sou boa pessoa... Algo me chama... Ainda está escuro, mas não tanto... Luz acesa... Estou só e não resisto... Solto-me. Talvez o medo de ser... Medo do escuro de não saber oque virá... Da luz? Talvez... Café, saudades e chuva, me parecem as companhias erradas... Não desistir, mas tentar... Sorrir é bom... Sinto da janela um vento anunciando a chuva...

Não demora, eu tô de volta! 

sábado, 5 de outubro de 2013

Cecília...

Vocês nunca conseguirão me entender... Não tentem, será perda de tempo. Tenho a alma inquieta e trago no peito o desejo de ser tudo aquilo que eu sempre tive vontade de viver. Ser uma jovem de 13 anos não é fácil, ainda mais tendo nascido nesta casa...
Sempre quis sentir a brisa em meu rosto, mas uma brisa que não fosse soprada pelos meus pais. Sempre quis correr, correr para qualquer lugar, mas essas paredes imensas me impedem de viver.
Não culpo meus pais. Acredito que eles sejam pessoas boas. Culpo aquilo que os tornou assim, algozes de si próprios e de nós também. Sei que eles cometeram um erro no passado...
Sou um esboço inacabado, um rascunho de alguém que poderia ter sido mais, colorido pela rubra cor pulsante de vida em mim. Pareço louca? Decifra-me!
Sei que além do arco-íris, há um lugar bem feliz onde tristeza não há, e é para lá que eu vou, por opção minha, por ser uma decisão por mim tomada sem ter sido imposta por ninguém!
Lamento que o caminho tomado seja assim repleto de pedras e espinhos, lamento ainda mais por minhas irmãs possivelmente sofrerem com minha escolha, mas preciso pensar em mim, a vida me sufoca. Aos meus pais deixo a esperança de que eles vejam que estão no caminho ruim e que possam arrumar tudo antes de... Outras escolhas serem tomadas.
Salto para a liberdade, salto de braços abertos como as asas de um beija-flor, que voa rápido colorindo o mundo com outras cores que não o vermelho.
Salto, sem medo. Finalmente sentirei a brisa da liberdade.

Cecília Lisbon.

(da peça Belezas Roubadas)

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Fênix...

Estava tudo mudando. 
Aquele menino de antes, nunca mais seria o mesmo depois dessa jornada percorrida. Nunca tendo vivido nesta vida algo parecido, entregou-se plenamente, baixando a guarda, mostrando-se frágil.
Ele deveria saber que isso não daria certo. A Vida já havia lhe mostrado várias vezes seu poder destruidor, talvez como penitência, talvez como aviso de que no final tudo dará em nada. Mas ele já ferido tantas outras vezes, pensou que o Destino pudesse ter intercedido por ele, dizendo a vida que o jovem já havia sofrido demais e que ele merecia algo bom, feliz, para sempre. Mas o para sempre, acaba. E a Vida é uma caixinha de surpresas, cheia de armadilhas...
Ingênuo ele seguiu nessa jornada, com sorriso franco de um rapaz novo, encantado no auge de seus vinte e poucos anos de amor.
Viveu tanto nesses poucos anos, intensificando um sentimento escondido nele: ajudar e ser para os outros, esquecendo-se de si mesmo, sempre pensando no bem dos outros...
Isso nunca foi bom, mas aos poucos ele está aprendendo...
Nessa jornada ele chega então a encruzilhada derradeira.

Decepção. Dor. Mágoa.
E aquilo que parecia ser mais-que-perfeito, está desfeito.
Pensa. Repensa. Fala e decide.
De repente fez-se triste o que se fez amante.
Fica o dito pelo redito pelo não dito, em sua confusão emocional.

Pois é.
Sozinho.

Segue, só... Diferente, mudado, magoado. Trazendo a marca da vida em seu corpo, andando sob os olhos atentos do destino. Segue sendo consumido pela Vida. Cada passo o sufoca. Ardendo queimando. Então, como uma represa transbordante que se rompe por força da pressão, a arte lava sua alma, o faz renascer num apogeu de uma formosa fênix. Esse caminho parece ser um caminho que só poderá ter um desfecho... Caberá a Vida ou ao Destino decidirem, porque ele já não tem mais forças para isso. E enquanto ambos decidem o que será do jovem, ele permanece sendo consumido pela vida, transformando-se em arte pelo destino, como uma fênix que renasce e que converte sua dor.
A vida o consome e ele converte-se em arte.
Segue, leve... Até a próxima armadilha da Vida ou da intercessão do Destino.
(KAGB)

sábado, 21 de setembro de 2013

Medo...

Qual é o motivo dessa inquietação?
Porque seu coração está assim apertado e ameaçando transbordar?

Pressentimentos, coisas que permeiam sua cabeça ingênua, facilmente iluminada pelas cores de um futuro ruim impedem as cores de um futuro bom de fixarem-se. Descolorir essas imagens seria uma boa opção, e lavar sua mente com uma límpida água de esperança poderia ser uma solução.

Lava mas não tira a marca deixada pelo medo do que ele pode ver.

A Rainha Guerreira, estava precisando da sua ajuda e ele não sabia mais o que fazer para ajudar, porque a Rainha sempre fora seu espelho, sua guia, sua melhor amiga e agora depois de tudo, estava sucumbindo às provações do senhor Tempo. O tempo resolve tudo, dizem... Mas o Tempo só lhe dá tempo para você mesmo conseguir resolver suas aflições. E a Rainha, de olhos d'água vertia rios tristonhos, e seu sorriso primaveril chegara agora ao ápice do inverno.

Como fazer a Rainha redescobrir a força para mover e viver?
E aí Tempo? Será que você pode ajudar dessa vez?

Desejando o nascer do sol...


sábado, 14 de setembro de 2013

Encontro de PRIMAVERA...

O salão estava caótico. Risos. Pessoas. Dança.
Escutava as conversas paralelas sem prender-me de fato. Segui andando em direção à saída, precisava conseguir ouvir minha voz, reconhecer-me em meus pensamentos. Cheguei a varanda e ousei sentar na beirada do telhado, por ser um lugar isolado e calmo. Sempre tive medo de altura, mas a essa altura do momento, queria somente respirar e me ouvir. O ar frio soprava em minha pele, aliviando a ansiedade juvenil pulsante dentro de mim. Olhei para o céu, num azul profundo hipnótico. Surpreendi-me brincando de  desenhar no céu, como se todas as estrelas formassem um enorme liga-pontos, criando e recriando formas. Algumas vezes precisava mudar o rumo do traço por conta de algumas estrelas que, sacanas, teimavam em cair do firmamento. Uma delas, muito brilhante e amarela, chamou-me a atenção. Olhei-a caminhando, caindo em direção ao chão, deixando no céu seus últimos rastros de vida. Lembrei-me então do motivo de eu estar ali, sentado na beira do telhado.
Aquele sufoco dentro do salão estava me consumindo. Precisava sair de lá e sentir-me inteiro.
Algo estava muito estranho, errado, como se eu fosse um enorme quebra cabeças a ser completado, mas aonde estariam as peças faltantes? Desci do telhado e lentamente voltei para dentro do salão, andando preguiçosamente por entre aquelas pessoas sufocadas nelas mesmas e que nem ao menos notaram que eu passava em um ritmo diferente do habitual delas. Saí.
Olhei para o céu e vi o rastro deixado por aquela estrela e decidi segui-lo. Não tinha mesmo para onde voltar. Caminhei até avistar o sol nascer e com ele todo o mundo iluminar-se. Caminhei por tanto tempo que estava com saudades do calor do sol. Já não havia mais rastros de estrelas para seguir. Sentei-me e decidi para qual caminho seguir.
Esquerda.
Caminhei.
Pouco tempo depois, percebi que em algumas árvores no caminho tinham em seus galhos algumas fitas desgastadas pelo tempo. Fitas amarelas. Fui tomado por um desejo forte de descobrir qual seria o caminho apontado por aquelas fitas amarelas. Segui à passos largos percebendo que cada passo dado mais fitas amarelas surgiam.
Por fim cheguei a um enorme carvalho todo decorado com aquelas fitas amarelas. Sorri como se aquela imagem me fosse conhecida, como se eu soubesse o motivo de aquelas fitas estarem cuidadosamente amarradas nos galhos do carvalho. Caminhei um pouco mais e cheguei a uma campina, com várias margaridas plantadas e mais fitas amarelas. Ao centro da campina havia um chalé com uma chaminé que soltava fumaça denunciando que havia alguém ali dentro.
Criei coragem e andei em direção ao chalé, percebendo que nele também haviam fitas amarelas. Pensei que possivelmente a pessoa responsável por amarrar aquelas fitas morasse ali. Entrei. Havia um cheiro de café fresquinho, uma mesa com vários papéis escritos. Cartas? Palavras escritas na paredes, portas e janelas, foi quando senti uma lágrima escorrendo de meu olho e ouvi alguém dizer:
- Que bom que você voltou. Cumpri minha promessa, amarrei fitas amarelas para contar o tempo em que você ficou fora e agora, você está aqui, de volta!
Suspirei e senti o quebra-cabeça ser completado pouco a pouco.
- Desculpe-me mas não consegui escrever mais para você, porque acabaram-se os papéis e depois minhas mão não suportavam mais. Mas nunca parei de prender as fitas amarelas. Que bom que você voltou, agora sim estamos na Primavera.
Aproximando-se de mim, concluiu o quebra-cabeça encaixando a última peça que faltava. Beijou-me os lábios e pude sentir toda a verdade daquele amor.
Olhei em seus olhos e sorri. disse-lhe:
- Desculpe a demora...
- Venha, vamos tomar um café e viver nossa Primavera.
Encontrei aquilo que me faltava.
Sorri e entreguei-me.
Leve.

domingo, 8 de setembro de 2013

Desabafo...

Meu bem...

Gastei muito tempo tentando entender e digerir tudo o que aconteceu. Demorei para entender que aquilo que antes estava reluzente à muitos meses tinha se tornado somente um feixe fraco de luz. Eu, talvez por medo, de perder ou do novo, tentei com todas as forças manter a luz acesa. Me exauri. Por que não há como manter vivo algo que morreu a muito tempo. É triste, mas demorei para entender que antes de mais nada eu estava desistindo de mim, tudo para manter algo que eu já não tinha mais interesse nem força de sustentar. Porque sustentei sozinho.
Você, com suas mentiras, enganações, egoísmo e traição, fez escolhas para o seu bel prazer, sem pensar nas consequências que elas acarretariam. Sinceramente, eu não acho que mereci isso de você, porque tratar de tal forma vil alguém que só quis seu bem é muita maldade. Sofri. Chorei. No começo pensei que a separação seria ruim, mas logo depois percebi como isso seria bom para mim. Obrigado por isso. E fico feliz em ver que você, mesmo sem saber, partiu me fazendo um bem danado. Não vou dizer que estou contente com isso, mas entendo que foi o melhor.
Você me decepcionou demais é verdade,  mas apesar de tudo eu ainda me importo com você, por que eu sou assim, por que eu amo você. Quero o seu bem e o melhor para você, mesmo que não esteja perto, de longe vou estar cuidando de você.
Começamos como 'inclassificáveis', por não saber como nomear aquele sentimento bom e terminamos da mesma forma que começamos, 'inclassificável', sem saber classificar a mudança.
Mudança... Tudo está mudando agora. Um antigo eu, que estava adormecido, está despertando, alimentado por altas doses de alegria e felicidade como não havia experimentado antes. Estou leve.
Estou reaprendendo a viver, a me encantar com cada detalhe da minha vida e das pessoas que estão fazendo parte da minha vida.
Mas mesmo seguindo adiante e apesar de tudo, sinto saudades de você. Um saudoso sentimento dos momentos bons e daquilo de bom que vivemos juntos. Espero que você esteja bem. Quando precisar estarei aqui.
Até.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O Tigre...

Era uma vez... É assim que começam os contos de fadas, não é?! Pois com este não seria diferente, embora não seja um conto de fadas. 
Era uma vez um Tigre sonhador e um Cachorrinho encantador. Eles se viram numa noite de inverno, com o vento embalando o sentimento que crescia pouco a pouco naqueles jovens corações ansiosos de amor. Descobriram-se almas gêmeas. 
O Tigre, que já havia passado por momentos ruins preso num circo escuro de tristezas e desilusões, e sentia-se feliz por ter encontrado um amor, e dizia "tenho meu sol particular". O  Tigre só parecia ser uma fortaleza, mas na verdade, por dentro ele era sensível, era pequeno como um "tigrito". Toda vez que o medo e a incerteza ou lembranças do passado lhe assombravam, o Tigre aconchegava-se no peito caloroso de sua metade o Cachorrinho, seu sol particular, encontrando no abraço quente o alento que precisava para manter-se vivo, seu combustível era aquele amor e se refugiava dentro daqueles olhos sinceros.
Na primavera, tudo floresce, assim como aquele amor inocente e puro, colorido por margaridas e sorrisos. Floresceu também um medo do rumo, da intensidade daquela paixão, tão jovens... O vento primaveril arrastou todo o medo para longe deles, revelando um céu de possibilidades e oportunidades. E caminhavam assim. Tigre e Cachorrinho, tão diferentes... Mas eles se completavam, combinavam, e correndo pelo mundo, despreocupados permitiam-se viver esse amor... Amavam-se. Bastava.
Com a chegada do outono, as coisas começaram a mudar. E isso não era bom.
O Tigre aprumou-se, desesperado tentando entender o que acontecia, tentando manter aquele amor que existia. O Tigre chorava em silêncio, incapaz de conseguir mudar o rumo da história. Entendeu, tarde demais, que ele já não era mais suficiente para seu amor. E doeu. Perceber que o que era importante tornava-se banal. Mas o teimoso e esperançoso o Tigre tentou segurar entre suas patas aquele fragilizado amor. E tentou com todas as forças. Numa tentativa vã de não perder aquilo que era tão importante.
Chorou... Rezou e pediu ajuda, foi quando Gaia surgiu, preocupada com o pequeno Tigre. Gaia lhe disse que às vezes, precisávamos abrir nossa mão, ou pata no caso do Tigre, e deixar cair oque deveria cair, pois só assim seria possível colhermos o tanto de coisas boas que o universo tem para nos oferecer. Ele sentiu novamente o vento frio do inverno soprar. O  Tigre chorou e Gaia enxugou suas lágrimas, então ele abriu suas patas. E isso doeu mais do que a morte. E ele viu o seu amor cair, viu seu sol particular partir deixando somente o escuro e o frio. E ele não estava mais acostumado a sentir frio. O único calor que ele sentia agora era de suas lágrimas que pingavam no chão. Gaia o consolando, disse que ele poderia chorar, que ele era sensível e deveria permitir-se sentir e expressar isso. O Tigre chorava mais desesperançoso. Seu soluçar ecoava dentro de seu corpo, então Gaia pediu que o Tigre não deixasse seu coração endurecer jamais, pois isso seria um caminho sem volta. 
Enxugando suas lágrimas, o Tigre olha para Gaia e lhe diz que seu coração não poderia endurecer pois ele não estava mais em seu peito. Quando seu Sol (o Cachorrinho) partiu, havia levado consigo o coração do Tigre, que agora olhava para o enorme vazio em seu peito tentando preencher aquele espaço com algo que não fosse sua tristeza.
Tigre saiu caminhando pelo frio com os olhos baixos e lacrimejados, deixando para trás suas pegadas e um rastro de lágrimas tentando preencher o vazio com a esperança de um dia sentir seus coração bater novamente em seu peito.

(KaioArmandoGomesBergamin)

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Mar...

Aquela cena era o desfecho de tudo. De repente, as letrinhas começaram a subir, as luzes começaram a se acender, e eu estava lá, sentado na plateia vendo a imagem daquele mar até tudo escurecer. Fechei meus olhos e senti que nada mais estava igual como era antigamente, e que aquele fim não era o ideal, não era certo, não era justo. Não tenho poder para controlar como tudo terminará. Mas estava lá, sentindo um pouco daquele mar saindo dos meus olhos. Desejando que tudo pudesse ser diferente.

Nossa vida é como uma praia... Talvez seja uma comparação clichê e talvez alguém já o tenha usado antes... Tudo bem, nossa vida é recheada de clichês. O movimento da água do mar é muito parecido com nossa vida, horas nos banha com calma, horas com tamanha intensidade que abala nossas estruturas. E entre cada onda, forte ou fraca, existe o repuxo do mar, que leva da gente algo ou alguém, fazendo com que tenhamos que nos adaptar. Mas, para tudo que perdemos existe uma compensação, uma nova onda que nos banha com tantas outras coisas...
Assim é nossa vida, marolas, tsunamis... Ondas... de cores, gentes, letras, formas...

Mas quando vem o repuxo? Tudo se perde? O que fica de tudo isso? As lembranças que construímos, tudo que fizemos, como um enorme livro registrando o nosso VIVER. Muitos livros permanecem inacabados, ou sem uma continuação de sua saga. Mas estão ali, escritos, marcados na alma para sempre. Escritos na alma.

Sinto o repuxo... Dói demais... Por favor, não demore a vir próxima onda. 

sábado, 3 de agosto de 2013

Paradoxos...

Se eu pudesse coloriria o mundo, com cores vívidas, sorrisos e toda lágrima seria de alegria, e a saudade seria curada toda vez que sentíssemos o cheiro do bolo da vovó e do café fresquinho que só ela sabe fazer... Idealizações...Se eu pudesse não sofrer seria melhor.
Ser feliz é difícil... Mas se fosse fácil, teria a mesma graça?
Paradoxos.
Amar machuca... Não amar, também...
O passado me traz uma lembrança, saudosa que agora fica dolorosa. Vida, leva-me daqui...


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Torrente...

- Eu sabia que era besteira comer aquela última esfirra... Adoro mesmo comer esfirras, principalmente por conta de seu tempero. Gosto mesmo é de pingar gotas de limão porque isso deixa seu paladar mais saboroso ainda. Mas eu falava... Ah, sim, que eu tinha comido demais. Até porque eu já tinha comido demais mesmo, e não sei se foi por gula, ou o que, que me fez continuar a comer. Na verdade sei sim.
Seu olhos, lindos e verdadeiros me prendiam a atenção, seu sorriso, sua presença, sua voz criaram entre nós uma aura magnética, tornando assim impossível de eu me desprender, e eu nem queria sair. E tem ainda seu vibrato quando canta, e nossa você canta muito bem e atua muito bem. Eu, como sempre, em situações onde houvesse muito sentimento ou mesmo ansiedade, perco a noção do mundo e não consigo agir coerentemente. Dou risada como um abestalhado, fico vermelho a cada sorriso, não consigo formular uma frase coerente e rio de nervoso. Por isso para manter a minha boca ocupada com algo que não seja falar, desembestei a comer esfirras... Na real eu tenho conteúdo, sabe?! Consigo mesmo sustentar um conversa inteligente. Mas... Não precisava de mais nada naquele momento, se não aproveitar sua presença. Era mágico, simples e completo. Mas isso não poderia ficar assim por muito tempo, até porque eu passaria por um descontrolado por comida, com um fetiche por esfirras que não consegue conjugar um verbo no presente do indicativo. Eu bem que te falei da primeira vez que eu não sou bom com palavras. Não sei porque estou assim, ou porque a sua presença me afeta tanto assim. Me afeta no bom sentido. Fico feliz com isso. E agora você tá aí, olhando pra mim, como se eu fosse maluco, mas eu não sou maluco, juro! Só queria mesmo dizer isso, que na verdade eu não consigo dizer e que agora estou me arrependendo de ter começado a dizer... Isso que eu nem falei de como gosto do calor do seu corpo, que parece um sol, meu sol particular. Nossa eu falei isso mesmo? Sou um abestalhado mesmo... Mas a verdade é que você é a melhor parte de mim. Será que tem mais esfirra?... Eu poderia enfiar umas quinze na boca, de uma vez para impedir mais palavras de sair, e assim você não me olharia assim pasmo desse jeito. Ai meu deus, eu não consigo me expressar direito, acho que deveria fazer umas aulas de teatro para ver se consigo, ou talvez um psicólogo me ajude a entender isso que eu não sei dizer... Falei de psicólogo? Garçom! Pelo bem da minha sanidade, traga uma bandeja de esfirras...
- Não! Não faça isso. Quero continuar ouvindo você falar. É bonito, sincero.
- Ai você tá com pena, né? Eu sei... Eu não deveria ter começado isso, eu deveria ter tentado entender tudo isso antes, porque eu ainda não consigo entender, talvez porque seja inclassificável e que...
- Isso é amor!
- (pausa dramática, olhos esbugalhados, coração para por cinco segundos. Esqueci como se respira! Só falta essa mesmo, morrer aqui e agora... Respira... Respira... Amor... É isso! Ai, volta a respirar)
- Olha para mim... Eu amo você seu idiota.
- Eu amo você também.
- Vamos tomar um sorvete, ou prefere esfirra?
- O sorvete é gelado, e eu sou friorento.
- Não tem problema, eu te mantenho aquecido. Vem comigo?!
- Eu amo você.
- Eu amo você.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Linhas...

No começo eu achei que entendia, fiz cara de que com o tempo tudo se ajeitaria. Levantei a cabeça e segui... Segui em direção a próxima queda, a próxima dor. É tão clássico dizer que o ser humano cresce com suas dores e são elas que nos tornam melhores... Se fosse assim, eu teria quinze metros de altura e seria tão melhor quanto Madre Tereza. Pois é... Mas a vida não é justa e os sofrimentos nem sempre nos fazem pessoas melhores. Eu realmente estou lutando, eu realmente estou ousando. Me falaram que devemos seguir nossos sonhos, trilhar nosso caminho, para que um dia olhemos para trás e nos orgulhemos do nosso passado, mas no atual momento meu passado é fragmentado, repleto de faltas. Mesmo agora prestes a...
Penso em mil coisas, meu tempo ritmo é muito mais acelerado e consigo dentro desse limitado corpo, abrigar um milhão de sentimentos. Coisas minhas que tentei abrir e compartilhar, mas não deu muito certo. Sabe, aprendi que não podemos ser cem por cento honestos, porque a maioria das pessoas não quer ouvir a verdade porque isso não alimenta os egos famintos de elogios e fama. A maioria gosta de ilusões e de sorrisos daqueles de propaganda de creme dental. Banalidades. O mundo é repleta delas... Cerimônias de banalidades. E mesmo eu tentado fugir do banal, agora quase me torno banal prestes a...
Sempre que sofro me refugiei nas palavras. Sempre escrevi para tentar botar meus pensamentos em ordem, para me entender, para desabafar. Funciona como uma válvula de escape, entende? Certo, fiquei muito tempo sem por em palavras minhas dores, aflições e alegrias. E o resultado disso não foi muito bom porque... Bem, sinto falta de escrever, assim como sinto falta de eu pequeno. De um Eu que tinha como preocupação ser feliz. Mas assim como tudo muda - veja, mais um clichê - eu mudei. Passei por baixos, muito baixos e altos e baixos de novo e altos outra vez. Tomei decisões ruins, outras melhores...
Saí de casa em busca de um sonho, deixando o que era seguro e me aventurando, me atirando nesse abismo que é viver... E agora sinto que o impacto com o solo seja eminente. Só queria que não doesse e que não tivessem pedras, mas como podemos adivinhar como será?! Vejo linhas cor de vinho e penso em preenchê-las com palavras novas, com canções, até mesmo com lágrimas. Porém estou seco, além das lágrimas... Não consigo mais chorar. Mesmo quando estou sofrendo com essas linhas não preenchidas que partem de mim.
Não choro, meus olhos estão molhados, mas é por causa do chuveiro ligado. Sempre gostei de banhos demorados, porque na falta de escrita, a água me consolava, limpando a alma... E agora ela limpa minhas tão estimadas linhas mal escritas. Sempre gostei das reticências pela sua possibilidade de um fim aberto ou que possa haver uma continuação, e agora minhas linhas se transformam em várias reticências...  É uma pena que eu não tenha dado orgulho a quem me amava, é uma pena que eu não tenha conseguido fazer feliz que eu amei, é isso que mais me dói, saber que não fui suficiente... E agora não resta muito a fazer, não é mesmo. Meu corpo está quente por conta da água do chuveiro, meus dedos murchos, e o coração insistente a batucar...
Dizem que ninguém é uma folha em branco, que temos toda a carga emocional e cultural impregnada em nossa pele e que com o tempo compomos as informações nessa folha que é a vida, mas... Quando há ausência de vida, aí sim nos tornamos uma folha em branco, pálida, lívida... No meu caso vazia... Não tenho forças para segurar minhas palavras porque o corte no punho é fundo demais e minhas linhas já saem fracas... Queria tanta coisa ainda... Mas dizem que há outra vida, e desejo que sim, porque para muitos viver é algo tão bom, tão feliz e gratificante, que seria injusto eu não poder experimentar essa sensação.
Sinto que meu corpo agora está frio. Penso em quem eu amo. Escuto o tilintar da lâmina no azulejo do banheiro enquanto meu corpo flutua para a escuridão. Espero mesmo não ter caído em um clichê de despedida, espero mesmo que seja uma moratória para uma outra chance de SER.
O corpo pesado, o peito leve e a vontade de ter sido diferente. Sinto um nó na garganta, uma lágrima presa nos olhos. Ainda havia um último sentimento guardado aqui dentro, enfim. Esperança? Não sei, deixo isso para você decidir o que lhe agrada mais. Se um dia nos encontrarmos em outro plano ou em outra vida, você me conta, se por acaso se lembrar...
(kaio armando gomes bergamin)