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sexta-feira, 30 de março de 2012

Presente...

Em 2009 trabalhei em uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Timbó, em Santa Catarina, como professor de Artes do Ensino Fundamental. Lá conhecia todos os funcionários e me relacionava bem com cada um. Meus pais sempre me ensinaram a tratar todos com educação e respeito, e assim eu sempre fiz. Nesta escola tinha uma faxineira, uma senhorinha quieta, que andava mancando e sempre de cabeça baixa. Eu sempre brincava com todos os funcionários e com ela não era diferente. Aos poucos ela foi se soltando mais, conversando mais e nos tornamos amigos de trabalho. Nesse turbilhão que é a vida, eu me mudei, ela se mudou e acabamos nos perdendo...
Ontem a noite, minha irmã (que está trabalhando como agente de saúde) contou-me que foi atender uma família e lá morava essa senhorinha que eu conheci. Minha irmã disse que ela não precisou dizer nada aquela senhorinha, porque ela reconheceu minha irmã e disse que eu (kaio) sou uma pessoa especial, porque eu mudei a vida dela, eu ensinei que todos somos iguais e que devemos tratar todos com respeito, e que graças a mim hoje ela era mais feliz... Eu fiquei realmente chocado com o ocorrido, porque, eu sempre pensei em mim como uma nada, uma pessoa comum, e que nunca poderia tocar e mudar assim a vida de alguém. E hoje estou muito mais feliz e leve, por saber que eu, assim sem querer, mudei a vida dessa senhorinha, e por isso me sinto assim, mais especial. Se eu ajudei e mudei a vida dela no passado, hoje ela me deu esse enorme presente para mim, a certeza de que eu sou especial, de que eu posso ajudar as pessoas... Estou mais leve, estou feliz... Minha existência não foi em vão!

sexta-feira, 16 de março de 2012

PianoPianoPianoPiano...


Eu tô ouvindo, acho que pela milionésima vez a mesma balada melosa e imbecil... Tocada no piano, sem voz... Fico imaginando mil e uma possibilidades de letras que possam se encaixar na melodia, mas sempre caio nas mesmas obviedades bucólicas e saudosas, onde princesas choram a falta de seu príncipe encantado, enquanto seus príncipes fogem com uma vagabunda qualquer... Não é assim? Não, agora as princesas não são mais tolas como nos contos de fadas, elas não esperam pelo príncipe... Esperam pelo vampiro, que venha e lhes dê oque elas mais querem, a imortalidade. E a vagabunda é só aquela menina que na verdade sabe oque quer da vida, mas no mundo do faz de conta, isso é pecado, então a consideram uma transviada que decidiu pelo caminho torto [ou certo?!] Não sei!
Estou cansado dos clichês... Mas que posso eu querer se o mundo é repleto deles? Que posso fazer se eu mesmo sou um enorme e redundante clichê que vasculha incansavelmente sua lista de músicas e cai sempre na mesma baladinha de instrumental piano? Sou mais um... Ridículo... Mas não um ridículo qualquer, porque ouço a mesma música incansavelmente – e ela recomeça mais uma vez – enquanto me conformo em não esperar o amor me encontrar. Dedilho por entre o escuro do quarto, palavras de uma mente insanamente inquieta e disposta a dialogar e questionar e se entregar ao absinto de viver.
Me inebria... E a música vai chegando ao fim mais uma vez... Me deixa completamente tonto... Com os dedos inflamados de tanta vontade de escrever, com os olhos ansiosos por ver ainda oque não vi e na boca o suspiro desejoso de descobrir uma nova melodia para a minha vida. Parece que acompanho o ritmo da música com minhas letras digitadas...
E na boca um suspiro desejoso... Viu acabei de cair na obviedade, no irreal/real faz de conta que engloba essa tola vida... Acho que assim como a música que começou de novo, acabo repetindo, redundando entre coisas que eu não queria redundar, mas que nesse círculo vicioso tendem a retornar como uma ciranda da vida.
Ok... É o cúmulo do besteirol... Pateta demais... Otimista [?] demais! Últimos acordes... Dessa vez eu paro, dessa vez eu mudo de música, mudo de texto, recrio uma ideia, algo que finalmente possa acalentar minha alma e meu...
Droga... Começou denovo... Como eu faço pra parar de sempre repetir [eu ou a música?]
Respiro fundo... Pausa... Penso nisso tudo... E ela acaba de novo! [a música ou a ideia?!]
Silêncio... Preciso de outra música, quem sabe eu escolha uma boa, uma melhor, que realmente signifique algo pra mim.
Aqui [instrumental piano]
Milionésima e algumas vezes... [pateticamente redundante]
(kaio gomes bergamin)


quarta-feira, 14 de março de 2012

Desconexo...

Luz acesa...
Talvez por medo, talvez por querer enxergar... Mas oque?
Não sei, mas parece que vai chover...
Sempre achei que seria diferente, mas quando chove sempre chove parecido...
E o cheirinho do café e o bolo no forno...
Fecho os olhos, mas é escuro...
Luz acesa...
Saudade daquela voz que me convidava ao café, do sorriso e da cumplicidade das conversas na mesa...
Hoje eu só queria que a chuva fosse diferente, queria sair só...
Sair pra chover, pra cantar, pra ser intenso...
Me seguir pode não ser algo bom a fazer, porque, dizem que eu não sou boa pessoa...
Algo me chama...
Ainda está escuro, mas não tanto...
Luz acesa...
Estou só e não resisto...
Solto-me
Talvez o medo de ser...
Medo do escuro de não saber oque virá...
Da luz?
Talvez...
Café, saudades e chuva, me parecem as companhias erradas...
Não desistir, mas tentar...
Sorrir é bom...
Sinto da janela um vento anunciando a chuva...

(kaio gomes bergamin)

quinta-feira, 8 de março de 2012

Primavera...


"aspirações literárias não totalmente reprimidas..."

Olho pela janela e desejo a primavera, como se o prelúdio do vento trouxesse consigo doces sonetos prósperos de amor e sorrisos... Estou aqui sentado no chão, sonhando acordado com paraíso e bolhas de sabão... Então querida, meus papéis acabaram, e as fitas amarelas estão gastas e puídas, mas sei que isso não muda o que é verdadeiro e puro. Embora minhas mãos ainda doam das últimas palavras, sinto-me traidor por não estar cumprindo com minha promessa. É engraçado como os pássaros se enamoram nesta época do ano... Ontem mesmo lhe escrevi como era digno de uma tela de um desses grandes gênios da pintura, a imagem desta janela... deve estar em algum lugar por aqui... Perdão pela bagunça mas o vento fez as cartas alçarem voo quando abri a janela para ver o nascer do sol... Desde que você viajou tenho sido fiel a minha promessa e tenho lhe escrito sobre o meu dia, sobre minhas horas neste aconchegante chalé que outrora servira de inspiração para sussurrados olhares e juras sentimentais esboçadas no rubor de nossos lábios que sorriam e ficávamos sem graça de tudo estar assim tão simples e ao alcance do coração... Tenho todos os dias, não pulo nenhum, mesmo quando chovia, ou fazia frio, eu saia e amarrava fitas amarelas em árvores pelo caminho, depois das árvores, comecei a amarrar fitas em todos os lugares... E vou continuar amarrando essas fitinhas... Eu lhe prometi fazer isso até o dia em que voltasses... Confesso amor, que perdi a noção do tempo porque cada minuto longe tem sido o mesmo que um inverno sem fim... Estou desejando a primavera... Fitas amarelas para cada dia distante de você... Essa janela realmente tem um vista privilegiada... Se minhas mãos não doessem tanto escreveria mais... Tenho lhe escrito desde o derradeiro olhar, incessantemente... Sempre gostei da companhia das letras, até você surgir. Eu escrevia sonetos, poemas, prosas, histórias sobre heróis e heroínas, mundos fictícios onde tudo era bom... E todos eram eternamente jovens... Você costumava ler por horas a fio minhas letras, por se sentir parte daquele mundo, por sair do real e entrar no que era o certo... E eu escrevia... Agora, me atenho a escrever cartas a você, mas não agora que minhas mãos estão fracas e doloridas... uma vez eu ouvi dizerem que as palavras são etéreas, que quando a falamos, elas não morrem, elas ficam flutuando pelo espaço até o dia em que alguém as encontre, ou que ela nos encontre novamente... E eu sinceramente acho que isso seja possível. Um dia o homem inventará uma máquina que captará cada palavra proferia e a encaminhará ao seu destinatário para que ele se lembre... Por isso eu tenho falado por estes dias, nesta esperança de que você receba estas palavras, já que todas as cartas que lhe enviei, voltaram para mim e agora eu as guarde todas por aqui mesmo... Escrevi por todos os lugares quando o papel faltou... Queria saber desenhar para fazer uma cópia fiel de seu rosto, porque minha mente tem pregado peças, e por vezes me esqueço dele... Palavras não têm sido suficiente para que eu seja fiel a você, mas que posso fazer se só sei escrever e sonhar e olhar da janela e esperar a primavera? Desejo a primavera com todas as suas cores e sons, aromas e você. Na primavera você veio e com a primavera você se foi e desde então tudo é inverno, com alguns toques amarelados e rascunhados desejos de viver novamente o primeiro sorriso despretensioso de significados mais profundos... Tenho medo de me esquecer do quanto fomos leves e risonhos... minhas mãos tremem e não firmo mais a caneta como antes, então eu olho pela janela, desejo a primavera, e amarro mais uma fita amarela sem saber como contar o tempo que passamos longe, e tenho que falar na esperança de que um dia estas palavras cheguem a você, que um dia você receba minhas saudosas cartas e descubra, leia, entenda, ouça aquilo que eu fui incapaz de lhe dizer, por algum motivo que ainda não descobri...  Talvez tenha sido esquecimento... Como fui tolo! Escrevi por cada espaço vazio, por cada folha, por cada parte de meu corpo para que você saiba o que eu não consegui dizer, o quanto você me fez feliz, o quando me senti completo e especial, o quanto a sua ausência me causou e o quanto tenho desejado a primavera esperando com ela o som da sua voz... Espero que um dia essas palavras encontrem você... Como você me encontrou naquela manhã de primavera...
(kaio gomes bregamin)