Eu tô ouvindo, acho que
pela milionésima vez a mesma balada melosa e imbecil... Tocada no piano, sem
voz... Fico imaginando mil e uma possibilidades de letras que possam se
encaixar na melodia, mas sempre caio nas mesmas obviedades bucólicas e
saudosas, onde princesas choram a falta de seu príncipe encantado, enquanto seus
príncipes fogem com uma vagabunda qualquer... Não é assim? Não, agora as
princesas não são mais tolas como nos contos de fadas, elas não esperam pelo
príncipe... Esperam pelo vampiro, que venha e lhes dê oque elas mais querem, a
imortalidade. E a vagabunda é só aquela menina que na verdade sabe oque quer da
vida, mas no mundo do faz de conta, isso é pecado, então a consideram uma
transviada que decidiu pelo caminho torto [ou certo?!] Não sei!
Estou cansado dos
clichês... Mas que posso eu querer se o mundo é repleto deles? Que posso fazer
se eu mesmo sou um enorme e redundante clichê que vasculha incansavelmente sua
lista de músicas e cai sempre na mesma baladinha de instrumental piano? Sou
mais um... Ridículo... Mas não um ridículo qualquer, porque ouço a mesma música
incansavelmente – e ela recomeça mais uma vez – enquanto me conformo em não
esperar o amor me encontrar. Dedilho por entre o escuro do quarto, palavras de
uma mente insanamente inquieta e disposta a dialogar e questionar e se entregar
ao absinto de viver.
Me inebria... E a
música vai chegando ao fim mais uma vez... Me deixa completamente tonto... Com
os dedos inflamados de tanta vontade de escrever, com os olhos ansiosos por ver
ainda oque não vi e na boca o suspiro desejoso de descobrir uma nova melodia
para a minha vida. Parece que acompanho o ritmo da música com minhas letras
digitadas...
E na boca um suspiro
desejoso... Viu acabei de cair na obviedade, no irreal/real faz de conta que
engloba essa tola vida... Acho que assim como a música que começou de novo,
acabo repetindo, redundando entre coisas que eu não queria redundar, mas que
nesse círculo vicioso tendem a retornar como uma ciranda da vida.
Ok... É o cúmulo do
besteirol... Pateta demais... Otimista [?] demais! Últimos acordes... Dessa vez
eu paro, dessa vez eu mudo de música, mudo de texto, recrio uma ideia, algo que
finalmente possa acalentar minha alma e meu...
Droga... Começou
denovo... Como eu faço pra parar de sempre repetir [eu ou a música?]
Respiro fundo...
Pausa... Penso nisso tudo... E ela acaba de novo! [a música ou a ideia?!]
Silêncio... Preciso de
outra música, quem sabe eu escolha uma boa, uma melhor, que realmente
signifique algo pra mim.
Aqui [instrumental
piano]
Milionésima e algumas
vezes... [pateticamente redundante]
(kaio gomes bergamin)
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