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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Ele...

Ele sempre via o mundo de uma forma diferente. Ele sempre...
Ele sabia que aquele momento era especial e que merecia um cuidado. Isso faz parte da natureza dele, quem pode julgá-lo?
Então ele correu para dar tempo de fazer tudo da forma como ele havia imaginado. Com muito custo ele conseguiu empacotar o presente da forma como ele havia visto uma vez. Tudo parecia impecável, no seu lugar... As margaridas perfumadas, a cafeteira acabara de passar café, e o céu com um azul profundo que lhe causava arrepios. Por entre as horas que se passavam ele esperava ansioso por descobrir oque lhe fora reservado nessa história toda. Fosse oque fosse. Mas que estivesse ali, como lembrança de algo especial. Ele sempre pensara a vida inteira nos outros, presenteava sem motivos aparentes, surpreendia a todos com um carinho que havia nele. Mas o tempo lhe mostrou que o egoismo está mais presente na vida das pessoas do que o carinho, as pessoas absortas em seus mundinhos pensam nelas mesmas, promovem elas mesmas, fazem para elas mesmas. E ele se entristeceu, e uma dor surgiu em seu peito. E chorou. Mas ninguém poderia secar suas lágrimas porque todos estão muito ocupados ensimesmados...
Esperançoso ele esperou por quem sabe uma surpreendente atitude que lhe mostrasse que ainda havia motivos para acreditar... Seu coração dizendo "bata" a cada bofetão desse sofrimento que ele sentia, a essa solidão que lhe doía as marcas deixadas pela vida como lembrança de que talvez ele devesse aprender a pensar nele mesmo, esquecer do mundo, de tudo e todos. Olhar as vitrines e pensar não em quem ficaria bem ou com quem combinaria, mas sim se ele ficaria bem, se combinasse com ele.
Mas ele não consegue, por mais que as pauladas e bofetadas continuem vindo...
Ele chora por isso, porque não consegue abdicar de quem ele é e do que seus pais lhe ensinaram. E lembra daqueles tantos aniversários, páscoas e natais no qual via a lágrima nos olhos de seus pais que não poderiam  lhe dar um presente, além do amor incondicional... Mas as circunstâncias eram diferentes naquela noite.
Ele desejou outra vida.
Ele desejou uma surpresa.
Ele desejou os dias de criança de volta para quem sabe poder aproveitar mais.
Ele desejou a canção ao invés do silêncio.
Ele por entre as lágrias prometeu não mais sofrer pelo egoismo do mundo.
Olhou-se no espelho... Enxugou o rosto... Sorriu tristonho... E saiu pelo mundo...
Alimentando uma vã esperança de... Não... Ele só saiu mesmo, mais feliz por ser quem ele é.

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