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terça-feira, 10 de junho de 2014

O homicídio de Lisa...

Lisa – São 3h39 minutos... 40 agora. E eu tinha jurado pra mim mesma que você não iria mais atormentar meus sonhos. Eu estava indo bem, mas você teima em voltar a tona quando tudo parece estar bem pra mim. Noite passada foi a mesma coisa. Eu desenvolvi um mecanismo de defesa para quando você invade minha mente durante a noite, meu corpo deseja se libertar disso e eu acabo acordando. Tenho acordado várias vezes durante a noite. O café que antes era um prazer pra mim, tornou-se um parceiro fiel durante as madrugadas frias, quando fico sentada no chão frio da cozinha rezando para que o sono chegue e Morfeu me conceda algumas horas de paz... Ontem num surto desesperado tentei acabar com isso. Uma lâmina feroz que pudesse sanar todo o mal, mas que conseguiu somente um corte lento e doloroso no punho. Sou fraca demais, covarde demais, tola demais. Sangrei em silêncio, desejando que junto com meu sangue você morresse em mim. Não tenho sentido minha mão desde então, não tenho firmeza mais para segurar a caneca de café. Idiota, né?! Você é como a fênix, que ressurge das cinzas e me queima com seu fogo imortal. Não tenho forças para matar você em mim, todas as tentativas de homicídio não passam de uma série de “quases”... Porque?! Quero liberdade... E agora como costumeiro, estou sentada no chão frio da cozinha, com uma caneca de café, olhos distantes e com o peito marcado, dilacerado pelas imagens que surgem no meu subconsciente e me assombram com cenas do passado e dos medos que tenho escondidos em mim. Tola. Não quero mais... Sei que existe uma forma de acabar com tudo isso, sei que posso aniquilar esses sentimentos de uma vez por todas. Sei que isso é irreversível também, mas tenho me sentido presa, como se tudo estivesse tentando me levar pra frente mas permaneço presa nesse cais. O café esfriou. Tentei cozinhar, mas sem as forças de uma mão foi em vão. Tentei lavar roupa, tomar banho... Tentar dormir está fora de cogitação. Saio então de casa, protegida pelo véu da madrugada, vestindo meu pijama e pantufas, quem sabe o frio me faça sentir viva. Passos incertos... quem sabe amanhã seja o fim de tudo? Desejo com todo meu corpo gelado que isso aconteça... Caminho de volta pra casa e tomo uma ducha quente, saio exausta do chuveiro e rezo novamente para que amanhã seja o derradeiro dia do homicídio. Deito na cama, e dessa vez consigo não sonhar, mas acordo com lágrimas nos olhos...

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