Em 2009 trabalhei em uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Timbó, em Santa Catarina, como professor de Artes do Ensino Fundamental. Lá conhecia todos os funcionários e me relacionava bem com cada um. Meus pais sempre me ensinaram a tratar todos com educação e respeito, e assim eu sempre fiz. Nesta escola tinha uma faxineira, uma senhorinha quieta, que andava mancando e sempre de cabeça baixa. Eu sempre brincava com todos os funcionários e com ela não era diferente. Aos poucos ela foi se soltando mais, conversando mais e nos tornamos amigos de trabalho. Nesse turbilhão que é a vida, eu me mudei, ela se mudou e acabamos nos perdendo...
Ontem a noite, minha irmã (que está trabalhando como agente de saúde) contou-me que foi atender uma família e lá morava essa senhorinha que eu conheci. Minha irmã disse que ela não precisou dizer nada aquela senhorinha, porque ela reconheceu minha irmã e disse que eu (kaio) sou uma pessoa especial, porque eu mudei a vida dela, eu ensinei que todos somos iguais e que devemos tratar todos com respeito, e que graças a mim hoje ela era mais feliz... Eu fiquei realmente chocado com o ocorrido, porque, eu sempre pensei em mim como uma nada, uma pessoa comum, e que nunca poderia tocar e mudar assim a vida de alguém. E hoje estou muito mais feliz e leve, por saber que eu, assim sem querer, mudei a vida dessa senhorinha, e por isso me sinto assim, mais especial. Se eu ajudei e mudei a vida dela no passado, hoje ela me deu esse enorme presente para mim, a certeza de que eu sou especial, de que eu posso ajudar as pessoas... Estou mais leve, estou feliz... Minha existência não foi em vão!
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sexta-feira, 30 de março de 2012
sexta-feira, 16 de março de 2012
PianoPianoPianoPiano...
Eu tô ouvindo, acho que
pela milionésima vez a mesma balada melosa e imbecil... Tocada no piano, sem
voz... Fico imaginando mil e uma possibilidades de letras que possam se
encaixar na melodia, mas sempre caio nas mesmas obviedades bucólicas e
saudosas, onde princesas choram a falta de seu príncipe encantado, enquanto seus
príncipes fogem com uma vagabunda qualquer... Não é assim? Não, agora as
princesas não são mais tolas como nos contos de fadas, elas não esperam pelo
príncipe... Esperam pelo vampiro, que venha e lhes dê oque elas mais querem, a
imortalidade. E a vagabunda é só aquela menina que na verdade sabe oque quer da
vida, mas no mundo do faz de conta, isso é pecado, então a consideram uma
transviada que decidiu pelo caminho torto [ou certo?!] Não sei!
Estou cansado dos
clichês... Mas que posso eu querer se o mundo é repleto deles? Que posso fazer
se eu mesmo sou um enorme e redundante clichê que vasculha incansavelmente sua
lista de músicas e cai sempre na mesma baladinha de instrumental piano? Sou
mais um... Ridículo... Mas não um ridículo qualquer, porque ouço a mesma música
incansavelmente – e ela recomeça mais uma vez – enquanto me conformo em não
esperar o amor me encontrar. Dedilho por entre o escuro do quarto, palavras de
uma mente insanamente inquieta e disposta a dialogar e questionar e se entregar
ao absinto de viver.
Me inebria... E a
música vai chegando ao fim mais uma vez... Me deixa completamente tonto... Com
os dedos inflamados de tanta vontade de escrever, com os olhos ansiosos por ver
ainda oque não vi e na boca o suspiro desejoso de descobrir uma nova melodia
para a minha vida. Parece que acompanho o ritmo da música com minhas letras
digitadas...
E na boca um suspiro
desejoso... Viu acabei de cair na obviedade, no irreal/real faz de conta que
engloba essa tola vida... Acho que assim como a música que começou de novo,
acabo repetindo, redundando entre coisas que eu não queria redundar, mas que
nesse círculo vicioso tendem a retornar como uma ciranda da vida.
Ok... É o cúmulo do
besteirol... Pateta demais... Otimista [?] demais! Últimos acordes... Dessa vez
eu paro, dessa vez eu mudo de música, mudo de texto, recrio uma ideia, algo que
finalmente possa acalentar minha alma e meu...
Droga... Começou
denovo... Como eu faço pra parar de sempre repetir [eu ou a música?]
Respiro fundo...
Pausa... Penso nisso tudo... E ela acaba de novo! [a música ou a ideia?!]
Silêncio... Preciso de
outra música, quem sabe eu escolha uma boa, uma melhor, que realmente
signifique algo pra mim.
Aqui [instrumental
piano]
Milionésima e algumas
vezes... [pateticamente redundante]
(kaio gomes bergamin)
quarta-feira, 14 de março de 2012
Desconexo...
Luz acesa...
Talvez por medo, talvez por querer enxergar... Mas oque?
Não sei, mas parece que vai chover...
Sempre achei que seria diferente, mas quando chove sempre chove parecido...
E o cheirinho do café e o bolo no forno...
Fecho os olhos, mas é escuro...
Luz acesa...
Saudade daquela voz que me convidava ao café, do sorriso e da cumplicidade das conversas na mesa...
Hoje eu só queria que a chuva fosse diferente, queria sair só...
Sair pra chover, pra cantar, pra ser intenso...
Me seguir pode não ser algo bom a fazer, porque, dizem que eu não sou boa pessoa...
Algo me chama...
Ainda está escuro, mas não tanto...
Luz acesa...
Estou só e não resisto...
Solto-me
Talvez o medo de ser...
Medo do escuro de não saber oque virá...
Da luz?
Talvez...
Café, saudades e chuva, me parecem as companhias erradas...
Não desistir, mas tentar...
Sorrir é bom...
Sinto da janela um vento anunciando a chuva...
(kaio gomes bergamin)
Talvez por medo, talvez por querer enxergar... Mas oque?
Não sei, mas parece que vai chover...
Sempre achei que seria diferente, mas quando chove sempre chove parecido...
E o cheirinho do café e o bolo no forno...
Fecho os olhos, mas é escuro...
Luz acesa...
Saudade daquela voz que me convidava ao café, do sorriso e da cumplicidade das conversas na mesa...
Hoje eu só queria que a chuva fosse diferente, queria sair só...
Sair pra chover, pra cantar, pra ser intenso...
Me seguir pode não ser algo bom a fazer, porque, dizem que eu não sou boa pessoa...
Algo me chama...
Ainda está escuro, mas não tanto...
Luz acesa...
Estou só e não resisto...
Solto-me
Talvez o medo de ser...
Medo do escuro de não saber oque virá...
Da luz?
Talvez...
Café, saudades e chuva, me parecem as companhias erradas...
Não desistir, mas tentar...
Sorrir é bom...
Sinto da janela um vento anunciando a chuva...
(kaio gomes bergamin)
quinta-feira, 8 de março de 2012
Primavera...
"aspirações literárias não totalmente reprimidas..."
Olho pela janela e desejo a
primavera, como se o prelúdio do vento trouxesse consigo doces sonetos
prósperos de amor e sorrisos... Estou aqui sentado no chão, sonhando acordado
com paraíso e bolhas de sabão... Então querida, meus papéis acabaram, e as
fitas amarelas estão gastas e puídas, mas sei que isso não muda o que é verdadeiro
e puro. Embora minhas mãos ainda doam das últimas palavras, sinto-me traidor
por não estar cumprindo com minha promessa. É engraçado como os pássaros se
enamoram nesta época do ano... Ontem mesmo lhe escrevi como era digno de uma
tela de um desses grandes gênios da pintura, a imagem desta janela... deve
estar em algum lugar por aqui... Perdão pela bagunça mas o vento fez as cartas
alçarem voo quando abri a janela para ver o nascer do sol... Desde que você
viajou tenho sido fiel a minha promessa e tenho lhe escrito sobre o meu dia,
sobre minhas horas neste aconchegante chalé que outrora servira de inspiração
para sussurrados olhares e juras sentimentais esboçadas no rubor de nossos
lábios que sorriam e ficávamos sem graça de tudo estar assim tão simples e ao
alcance do coração... Tenho todos os dias, não pulo nenhum, mesmo quando
chovia, ou fazia frio, eu saia e amarrava fitas amarelas em árvores pelo
caminho, depois das árvores, comecei a amarrar fitas em todos os lugares... E
vou continuar amarrando essas fitinhas... Eu lhe prometi fazer isso até o dia
em que voltasses... Confesso amor, que perdi a noção do tempo porque cada
minuto longe tem sido o mesmo que um inverno sem fim... Estou desejando a
primavera... Fitas amarelas para cada dia distante de você... Essa janela
realmente tem um vista privilegiada... Se minhas mãos não doessem tanto
escreveria mais... Tenho lhe escrito desde o derradeiro olhar,
incessantemente... Sempre gostei da companhia das letras, até você surgir. Eu
escrevia sonetos, poemas, prosas, histórias sobre heróis e heroínas, mundos
fictícios onde tudo era bom... E todos eram eternamente jovens... Você
costumava ler por horas a fio minhas letras, por se sentir parte daquele mundo,
por sair do real e entrar no que era o certo... E eu escrevia... Agora, me
atenho a escrever cartas a você, mas não agora que minhas mãos estão fracas e
doloridas... uma vez eu ouvi dizerem que as palavras são etéreas, que quando a
falamos, elas não morrem, elas ficam flutuando pelo espaço até o dia em que
alguém as encontre, ou que ela nos encontre novamente... E eu sinceramente acho
que isso seja possível. Um dia o homem inventará uma máquina que captará cada
palavra proferia e a encaminhará ao seu destinatário para que ele se lembre...
Por isso eu tenho falado por estes dias, nesta esperança de que você receba
estas palavras, já que todas as cartas que lhe enviei, voltaram para mim e
agora eu as guarde todas por aqui mesmo... Escrevi por todos os lugares quando
o papel faltou... Queria saber desenhar para fazer uma cópia fiel de seu rosto,
porque minha mente tem pregado peças, e por vezes me esqueço dele... Palavras
não têm sido suficiente para que eu seja fiel a você, mas que posso fazer se só
sei escrever e sonhar e olhar da janela e esperar a primavera? Desejo a
primavera com todas as suas cores e sons, aromas e você. Na primavera você veio
e com a primavera você se foi e desde então tudo é inverno, com alguns toques
amarelados e rascunhados desejos de viver novamente o primeiro sorriso
despretensioso de significados mais profundos... Tenho medo de me esquecer do
quanto fomos leves e risonhos... minhas mãos tremem e não firmo mais a caneta
como antes, então eu olho pela janela, desejo a primavera, e amarro mais uma
fita amarela sem saber como contar o tempo que passamos longe, e tenho que
falar na esperança de que um dia estas palavras cheguem a você, que um dia você
receba minhas saudosas cartas e descubra, leia, entenda, ouça aquilo que eu fui
incapaz de lhe dizer, por algum motivo que ainda não descobri... Talvez tenha sido esquecimento... Como fui
tolo! Escrevi por cada espaço vazio, por cada folha, por cada parte de meu
corpo para que você saiba o que eu não consegui dizer, o quanto você me fez
feliz, o quando me senti completo e especial, o quanto a sua ausência me causou
e o quanto tenho desejado a primavera esperando com ela o som da sua voz...
Espero que um dia essas palavras encontrem você... Como você me encontrou naquela manhã de primavera...
(kaio gomes bregamin)
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