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domingo, 13 de abril de 2014

Elena...

Quando a dor se torna insuportável para uma alma, e começa a interferir nos demais; quando a vida sufoca e já não é mais possível respirar...Às vezes sacrifícios são necessários... Ainda mais quando se trata de si mesmo. Muitas pessoas diriam que é covardia, fraqueza, que seja. De que adianta continuar a viver se não posso fazer o que amo? De que adianta manter esse espaço vazio em meu peito, lutando contra a pressão exercida pela vida que quer me suprimir? A lua que tantas vezes foi minha cúmplice, que por tantas vezes foi minha confidente fiel e parceira das horas de dança, agora já não me basta. Pessoas sempre falaram de mim por eu ser diferente e eu vou começar a falar delas por serem todas iguais. Fujo sim. Numa corrida desenfreada contra o muro de concreto sabendo que essa será a última dor. Prefácios de morte? Não... Não, ninguém morre somente por correr e se chocar contra um muro, eu espero, pelo menos. Mas como eu posso continuar? Já não consigo cantar porque o nó que prende minha garganta estendeu-se para meu peito vazio a fim de ocupar os espaços vazios e tudo que sai de mim é feio e ruidoso. Dançar não basta, e o palco tornou-se uma realidade distante. Rota de colisão. Reuni todas as minhas forças, todo o restante de coragem que tinha e canalizei em uma bomba-relógio só minha. Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac... O tempo está passando e a data de explosão está próxima. Vai implodir... E com isso não haverá mais dor nem sofrimento... nem sentimento também... Não queria ser sua Elena, porém os fatos expostos conferem com a realidade atual. Não tenho aspirinas e cachaça, tenho algo mais letal, minha cabeça. Toque-me! Veja como viro água! Assim como minhas memórias. E você é a minha memória inconsolável feita de pedra e sombra da qual brotava vida, arte... Mas agora... Tenho medo do que pode acontecer, mas medo eu sempre tive de tudo! Surpreendo-me por não estar tremendo de medo agora. Talvez por ter tanto medo antes eu não tenha conseguido... E agora restam todas as dores espalhadas pelo corpo. Pensei que tinha conseguido a coragem para isso, mas duvido de mim. E não mais doerá. Queria entrar em um carro com as pessoas que amo e dirigir até um penhasco e livrar todos dessa dor, mas não seria justo com elas... Estou virando água junto com todos os 'nãos' recebidos, com os sonhos que não realizei, com a certeza de que não há mais nada. Eu mudei. Tanto. Que nem me reconheço nas ruas ou nos espelhos casuais... Eu já parti a tanto tempo que nem sei porque não percebi. Eu lutei o quanto pude, eu tentei, tentei, tentei tanto que esqueci de acertar e tudo não passou de tentativas fracassadas de um rascunho de vida. Lamento. E danço pela última vez com a lua. Relembro todo o amor que tive, para pelo menos poder partir com a certeza de que fui amado e amei também. Tic Tac Tic Tac... Talvez eu me torne sua Elena minha pequena, me perdoe por isso... Onde estão as minhas aspirinas? Não as encontro nesse escuro todo... Eu cantaria, ou dançaria se pudesse, mas eu nasci para atuar e não há mais motivos para continuar em uma rota que no final vai dar em nada... Isso fere meus sentimentos. Lembre-se de mim com carinho, amor e sempre que encontrar uma margarida, saiba que ofereço-a de presente a você. Cuide de todos, cuide de sí acima de tudo, seja o que eu não fui e tenha força para sustentar a barra que é viver. Tic Tac. Acabou.

(aspirações não reprimidas sobre o filme ELENA)

domingo, 6 de abril de 2014

Bruma...

Quantas vezes você vai me deixar da meia volta? Quantas vezes você vai me fazer mudar de ideia e dar meia volta? Porque eu não consigo mais falar, eu nem consigo pensar direito... Não sei se deixo que você me salve ou se simplesmente me permito afogar. E mesmo com todo esse caos instaurado dentro de mim eu ainda espero que você consiga ver além dessa bruma, dessa barreira na qual eu me escondo. Sinto que estou caindo e tudo que eu consigo desejar nesse momento é que você coloque seu braços ao redor de mim para que eu me sinta em casa novamente. Eu olho ao meu redor e vejo o mundo desmoronar, por consequências das minhas escolhas do passado, e no presente eu tento consertar, sem enxergar o futuro adiante. Sem planos, sem projeções nem expectativas eu vou caindo sem saber nem querer mais sentir nada. Mesmo assim eu prefiro me esconder, porque assim eu sangro sem machucar você. É mais fácil me deixar ir... Estou fazendo de tudo para que você não me veja, para que você não consiga ver essa verdade em que estou, mas tudo está confuso que ao mesmo tempo em que me escondo, rezo para que seus braços me encontrem, me segurem nessa queda e me sinta em casa por mais uma vez. Um abraço cura tudo, e o seu abraço exerce um enorme poder em mim. Eu nunca antes me abri, nunca antes amei ou me permiti amar, mas você então chegou e me abraçou e tudo se transformou naturalmente, mesmo eu sabendo que seria melhor você me deixar partir. Queria poder ser uma máquina, mas na verdade eu sou humano, sou frágil por trás da bruma, porque enquanto o som da solidão me acompanha, eu danço em meu quarto, eu canto até conseguir dormir desejando seu abraço para me fazer sentir em casa mais uma vez.