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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Partir...

Não sei bem ao certo o porque da mensagem trazida por esse vento... Não sou muito bom em decifrar as mensagens, sou bom em sentir... E o sentimento trazido por esse vento é...
Pois é...
Soprou determinado fazendo meus cabelos dançarem a liberdade que tanto meu corpo e espírito procuram. E quando dei por mim dançava na rua por entre os olhares acinzentados das pessoas petrificadas de concreto. Eu sou movimento! Sou cor, sou voz.
Era exatamente isso que o vento me dizia... Tinha me esquecido.
Sou como a esfinge, mas você provavelmente não vai querer me decifrar...
Chegou a hora de partir.
Será uma longa viagem, por novos lugares, novas luzes, novas cores, e quiçá seja fértil esse porvir. Será!
Sim, eu tenho medo, mas pretendo guardá-lo na caixinha secreta que deixo debaixo da minha cama junto com tudo aquilo que não me faz tanto bem. Guardo perto de mim para lembrar-me do que passei, para me dar força propulsora para seguir viajem quando o vento sopra. Guardo na memória os momentos bons, os laços, e deixo um pedacinho de mim para aqueles que me cativaram.
Sou loucura. Tenho amor.
Guarde esse pedaço de mim e lembre-se de mim com carinho toda vez que ver uma margarida. Quando sentir a brisa suave, pense que sou eu soprando seu rosto, e quando aquela música tocar, aquela mesmo, sinta minha voz a plenos pulmões cantando-a à você.
Sou assim, sentimento e prosa, tristeza e sorriso.
Chegou a hora de eu partir, e não demora, eu irei. Seguindo o vento.
(KAGB)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Volta...

Não demora, eu vou estar de volta, porque voltar sempre acaba sendo a melhor saída, o melhor caminho, a minha certeza. Às vezes, me sinto preso em um labirinto e sempre acabo encontrando aquilo de que eu tanto fugir. Não demora. Como se algo estivesse errado, como se o curso escolhido pudesse ter outro desfecho, como se...  E se? E se a bela adormecida tivesse escolhido dormir o máximo pra poder ficar acordada o resto da vida? Se o João tivesse deixado uma trilha de pão propositadamente, pra não ter de voltar para casa com sua irmã? Acho que tudo no mundo é um grande ‘e se?’.
Não sou pessimista ou um daqueles fatalistas, menos ainda um desses filósofos de banheiro, só pondero os fatos, peso, repeso, analiso custo e benefício. Vale mesmo a pena fugir disso? Se quanto mais eu corro, mais eu me aproximo de... Não demora muito...
Quiçá outra escolha, outra forma, outro, outra... Estou me aproximando novamente, e isso é comum... Meus dias tem sido iguais, numa rotina frenética de correr, cair, voltar, falar... Verbos não conjugados, no infinitivo, e que pela ideia de infinito me assustam com essa constância de re – viver, fazer, descobrir – E Hoje eu só queria sair, só, fugir de mim um pouco... E não demora!
Luz acesa... Talvez por medo, talvez por querer enxergar... Mas oque? Não sei, mas parece que vai chover... Sempre achei que seria diferente, mas quando chove sempre chove parecido... E o cheirinho do café e o bolo no forno... Fecho os olhos, mas é escuro... Luz acesa... Saudade daquela voz que me convidava ao café, do sorriso e da cumplicidade das conversas na mesa... Hoje eu só queria que a chuva fosse diferente, queria sair só... Sair pra chover, pra cantar, pra ser intenso... Me seguir pode não ser algo bom a fazer, porque, dizem que eu não sou boa pessoa... Algo me chama... Ainda está escuro, mas não tanto... Luz acesa... Estou só e não resisto... Solto-me. Talvez o medo de ser... Medo do escuro de não saber oque virá... Da luz? Talvez... Café, saudades e chuva, me parecem as companhias erradas... Não desistir, mas tentar... Sorrir é bom... Sinto da janela um vento anunciando a chuva...

Não demora, eu tô de volta! 

sábado, 5 de outubro de 2013

Cecília...

Vocês nunca conseguirão me entender... Não tentem, será perda de tempo. Tenho a alma inquieta e trago no peito o desejo de ser tudo aquilo que eu sempre tive vontade de viver. Ser uma jovem de 13 anos não é fácil, ainda mais tendo nascido nesta casa...
Sempre quis sentir a brisa em meu rosto, mas uma brisa que não fosse soprada pelos meus pais. Sempre quis correr, correr para qualquer lugar, mas essas paredes imensas me impedem de viver.
Não culpo meus pais. Acredito que eles sejam pessoas boas. Culpo aquilo que os tornou assim, algozes de si próprios e de nós também. Sei que eles cometeram um erro no passado...
Sou um esboço inacabado, um rascunho de alguém que poderia ter sido mais, colorido pela rubra cor pulsante de vida em mim. Pareço louca? Decifra-me!
Sei que além do arco-íris, há um lugar bem feliz onde tristeza não há, e é para lá que eu vou, por opção minha, por ser uma decisão por mim tomada sem ter sido imposta por ninguém!
Lamento que o caminho tomado seja assim repleto de pedras e espinhos, lamento ainda mais por minhas irmãs possivelmente sofrerem com minha escolha, mas preciso pensar em mim, a vida me sufoca. Aos meus pais deixo a esperança de que eles vejam que estão no caminho ruim e que possam arrumar tudo antes de... Outras escolhas serem tomadas.
Salto para a liberdade, salto de braços abertos como as asas de um beija-flor, que voa rápido colorindo o mundo com outras cores que não o vermelho.
Salto, sem medo. Finalmente sentirei a brisa da liberdade.

Cecília Lisbon.

(da peça Belezas Roubadas)

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Fênix...

Estava tudo mudando. 
Aquele menino de antes, nunca mais seria o mesmo depois dessa jornada percorrida. Nunca tendo vivido nesta vida algo parecido, entregou-se plenamente, baixando a guarda, mostrando-se frágil.
Ele deveria saber que isso não daria certo. A Vida já havia lhe mostrado várias vezes seu poder destruidor, talvez como penitência, talvez como aviso de que no final tudo dará em nada. Mas ele já ferido tantas outras vezes, pensou que o Destino pudesse ter intercedido por ele, dizendo a vida que o jovem já havia sofrido demais e que ele merecia algo bom, feliz, para sempre. Mas o para sempre, acaba. E a Vida é uma caixinha de surpresas, cheia de armadilhas...
Ingênuo ele seguiu nessa jornada, com sorriso franco de um rapaz novo, encantado no auge de seus vinte e poucos anos de amor.
Viveu tanto nesses poucos anos, intensificando um sentimento escondido nele: ajudar e ser para os outros, esquecendo-se de si mesmo, sempre pensando no bem dos outros...
Isso nunca foi bom, mas aos poucos ele está aprendendo...
Nessa jornada ele chega então a encruzilhada derradeira.

Decepção. Dor. Mágoa.
E aquilo que parecia ser mais-que-perfeito, está desfeito.
Pensa. Repensa. Fala e decide.
De repente fez-se triste o que se fez amante.
Fica o dito pelo redito pelo não dito, em sua confusão emocional.

Pois é.
Sozinho.

Segue, só... Diferente, mudado, magoado. Trazendo a marca da vida em seu corpo, andando sob os olhos atentos do destino. Segue sendo consumido pela Vida. Cada passo o sufoca. Ardendo queimando. Então, como uma represa transbordante que se rompe por força da pressão, a arte lava sua alma, o faz renascer num apogeu de uma formosa fênix. Esse caminho parece ser um caminho que só poderá ter um desfecho... Caberá a Vida ou ao Destino decidirem, porque ele já não tem mais forças para isso. E enquanto ambos decidem o que será do jovem, ele permanece sendo consumido pela vida, transformando-se em arte pelo destino, como uma fênix que renasce e que converte sua dor.
A vida o consome e ele converte-se em arte.
Segue, leve... Até a próxima armadilha da Vida ou da intercessão do Destino.
(KAGB)