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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O Tigre...

Era uma vez... É assim que começam os contos de fadas, não é?! Pois com este não seria diferente, embora não seja um conto de fadas. 
Era uma vez um Tigre sonhador e um Cachorrinho encantador. Eles se viram numa noite de inverno, com o vento embalando o sentimento que crescia pouco a pouco naqueles jovens corações ansiosos de amor. Descobriram-se almas gêmeas. 
O Tigre, que já havia passado por momentos ruins preso num circo escuro de tristezas e desilusões, e sentia-se feliz por ter encontrado um amor, e dizia "tenho meu sol particular". O  Tigre só parecia ser uma fortaleza, mas na verdade, por dentro ele era sensível, era pequeno como um "tigrito". Toda vez que o medo e a incerteza ou lembranças do passado lhe assombravam, o Tigre aconchegava-se no peito caloroso de sua metade o Cachorrinho, seu sol particular, encontrando no abraço quente o alento que precisava para manter-se vivo, seu combustível era aquele amor e se refugiava dentro daqueles olhos sinceros.
Na primavera, tudo floresce, assim como aquele amor inocente e puro, colorido por margaridas e sorrisos. Floresceu também um medo do rumo, da intensidade daquela paixão, tão jovens... O vento primaveril arrastou todo o medo para longe deles, revelando um céu de possibilidades e oportunidades. E caminhavam assim. Tigre e Cachorrinho, tão diferentes... Mas eles se completavam, combinavam, e correndo pelo mundo, despreocupados permitiam-se viver esse amor... Amavam-se. Bastava.
Com a chegada do outono, as coisas começaram a mudar. E isso não era bom.
O Tigre aprumou-se, desesperado tentando entender o que acontecia, tentando manter aquele amor que existia. O Tigre chorava em silêncio, incapaz de conseguir mudar o rumo da história. Entendeu, tarde demais, que ele já não era mais suficiente para seu amor. E doeu. Perceber que o que era importante tornava-se banal. Mas o teimoso e esperançoso o Tigre tentou segurar entre suas patas aquele fragilizado amor. E tentou com todas as forças. Numa tentativa vã de não perder aquilo que era tão importante.
Chorou... Rezou e pediu ajuda, foi quando Gaia surgiu, preocupada com o pequeno Tigre. Gaia lhe disse que às vezes, precisávamos abrir nossa mão, ou pata no caso do Tigre, e deixar cair oque deveria cair, pois só assim seria possível colhermos o tanto de coisas boas que o universo tem para nos oferecer. Ele sentiu novamente o vento frio do inverno soprar. O  Tigre chorou e Gaia enxugou suas lágrimas, então ele abriu suas patas. E isso doeu mais do que a morte. E ele viu o seu amor cair, viu seu sol particular partir deixando somente o escuro e o frio. E ele não estava mais acostumado a sentir frio. O único calor que ele sentia agora era de suas lágrimas que pingavam no chão. Gaia o consolando, disse que ele poderia chorar, que ele era sensível e deveria permitir-se sentir e expressar isso. O Tigre chorava mais desesperançoso. Seu soluçar ecoava dentro de seu corpo, então Gaia pediu que o Tigre não deixasse seu coração endurecer jamais, pois isso seria um caminho sem volta. 
Enxugando suas lágrimas, o Tigre olha para Gaia e lhe diz que seu coração não poderia endurecer pois ele não estava mais em seu peito. Quando seu Sol (o Cachorrinho) partiu, havia levado consigo o coração do Tigre, que agora olhava para o enorme vazio em seu peito tentando preencher aquele espaço com algo que não fosse sua tristeza.
Tigre saiu caminhando pelo frio com os olhos baixos e lacrimejados, deixando para trás suas pegadas e um rastro de lágrimas tentando preencher o vazio com a esperança de um dia sentir seus coração bater novamente em seu peito.

(KaioArmandoGomesBergamin)

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Mar...

Aquela cena era o desfecho de tudo. De repente, as letrinhas começaram a subir, as luzes começaram a se acender, e eu estava lá, sentado na plateia vendo a imagem daquele mar até tudo escurecer. Fechei meus olhos e senti que nada mais estava igual como era antigamente, e que aquele fim não era o ideal, não era certo, não era justo. Não tenho poder para controlar como tudo terminará. Mas estava lá, sentindo um pouco daquele mar saindo dos meus olhos. Desejando que tudo pudesse ser diferente.

Nossa vida é como uma praia... Talvez seja uma comparação clichê e talvez alguém já o tenha usado antes... Tudo bem, nossa vida é recheada de clichês. O movimento da água do mar é muito parecido com nossa vida, horas nos banha com calma, horas com tamanha intensidade que abala nossas estruturas. E entre cada onda, forte ou fraca, existe o repuxo do mar, que leva da gente algo ou alguém, fazendo com que tenhamos que nos adaptar. Mas, para tudo que perdemos existe uma compensação, uma nova onda que nos banha com tantas outras coisas...
Assim é nossa vida, marolas, tsunamis... Ondas... de cores, gentes, letras, formas...

Mas quando vem o repuxo? Tudo se perde? O que fica de tudo isso? As lembranças que construímos, tudo que fizemos, como um enorme livro registrando o nosso VIVER. Muitos livros permanecem inacabados, ou sem uma continuação de sua saga. Mas estão ali, escritos, marcados na alma para sempre. Escritos na alma.

Sinto o repuxo... Dói demais... Por favor, não demore a vir próxima onda. 

sábado, 3 de agosto de 2013

Paradoxos...

Se eu pudesse coloriria o mundo, com cores vívidas, sorrisos e toda lágrima seria de alegria, e a saudade seria curada toda vez que sentíssemos o cheiro do bolo da vovó e do café fresquinho que só ela sabe fazer... Idealizações...Se eu pudesse não sofrer seria melhor.
Ser feliz é difícil... Mas se fosse fácil, teria a mesma graça?
Paradoxos.
Amar machuca... Não amar, também...
O passado me traz uma lembrança, saudosa que agora fica dolorosa. Vida, leva-me daqui...